A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) afirmou, em nota, que a falta de dessecante pode trazer prejuízos à safra brasileira de soja 2021/22, como a queda de produtividade. O herbicida é utilizado na preparação da lavoura a fim de deixar a área uniforme para a colheita do grão – processo chamado de dessecação. “Esse problema passou a atormentar os produtores desde que a Anvisa baniu o uso e a comercialização do Paraquat em setembro de 2020. A decisão obrigou agricultores a buscarem herbicidas similares no mercado, embora apenas o Diquat tenha a mesma função e a mesma qualidade”, disse a Aprosoja.
Segundo a Aprosoja, a grande demanda pelo agroquímico Diquat não tem sido atendida pela indústria. A entidade disse que recebe reclamações de produtores de todo o País que compraram e ainda não receberam o produto. “A Syngenta, que é a titular do registro, emitiu nota em 23 de dezembro de 2021 informando não haver produto em quantidade disponível no mercado para atender a demanda brasileira”, afirmou a Aprosoja. A associação disse que a escassez do produto gerou uma alta de mais de 300% no seu preço em dólar. “Atualmente um litro do produto custa mais de R$ 100,00 enquanto na safra passada custava em torno de R$ 30,00. Além do custo mais elevado ao sojicultor, o risco de perder a produção e a qualidade dos grãos também é do País, com perda de divisas nas exportações”, diz a entidade.
A Aprosoja Brasil informou também que está solicitando ao Ministério da Agricultura liberação emergencial do registro de herbicidas para a importação direta de Diquat para dessecação da atual safra de soja. “Seria importante lançar mão de produtos que estiverem disponíveis em países do Mercosul. E tem conhecimento de que existem empresas no Brasil aguardando a liberação do registro de produtos com o mesmo princípio ativo do Diquat, assim como empresas no Paraguai e em outros países também possuem disponíveis produtos no mesmo porcentual de princípio ativo”, afirmou a Aprosoja Brasil. A associação pede também ao governo liberação emergencial do Paraquat e revisão da decisão de banimento do uso do produto no País. “Caso contrário, os produtores brasileiros continuarão tendo prejuízos com a perda de qualidade da soja produzida e em desvantagem frente aos principais concorrentes, que continuam aplicando o herbicida Paraquat”, aponta a Aprosoja, acrescentando que produtores estão usando produtos não adequados para a dessecação da soja em meio à proibição do uso do Paraquat e da oferta apertada de Diquat.
A falta de dessecantes também foi observada pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em boletim semanal, o instituto disse que há relatos de atraso nas entregas de dessecantes em algumas regiões do Estado, o que está implicando diretamente na evolução da colheita da oleaginosa no Estado.