A forte alta da arroba bovina fez com que novamente este ano o preço do boi gordo ficasse acima do preço da carne vermelha no atacado, comenta o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório.
Segundo o Cepea, a cotação média de novembro da arroba do boi gordo (de R$ 290,43, representada pelo indicador Cepea) ficou R$ 4,53 acima do preço da carne R$ 285,90/arroba no atacado da grande São Paulo. “Vale lembrar que, em outubro, diante das fortes desvalorizações do animal para abate, a arroba da carne mostrava vantagem sobre a do boi gordo, de R$ 16,34/arroba, o que não vinha sendo verificado desde agosto de 2020”, comenta o Cepea. “Em outubro, a média do boi gordo foi de R$ 269,56, e a da carne, de R$ 285,90.”
O centro de estudos comenta também, que, no acumulado da parcial de novembro (entre 29 de outubro e 23 de novembro), o indicador Cepea do boi gordo subiu expressivos 23,26% (fechando a R$ 316,90 nessa terça-feira, 23), ao passo que o aumento no preço da carcaça casada é de 13,5% (negociada a R$ 307,80). “Quanto às médias mensais, enquanto a do boi gordo apresenta alta de 7,74% sobre a de outubro, a da carne segue estável.”
As altas na arroba do boi gordo ocorrem, segundo o Cepea, por causa da baixa oferta de animais para abate. “Embora os pastos ainda não tenham se recuperado totalmente em muitas regiões, os bons volumes de chuvas dos últimos meses já favoreceram as pastagens, o suficiente para fazer com que alguns pecuaristas mantenham os animais no campo, restringindo ainda mais a oferta”, diz o relatório.
Do lado da demanda, apesar de a China ter liberado a entrada da carne que havia sido enviada pelo Brasil antes da confirmação dos dois casos atípicos de “vaca louca”, no início de setembro, o embarque de novos lotes segue suspenso.
Quanto à carcaça casada negociada no atacado da Grande São Paulo, mesmo com a demanda nacional bastante enfraquecida, especialmente diante do baixo poder de compra da população, os preços estão em alta, influenciados justamente pela menor oferta.
O Cepea projeta que, para os próximos meses, o possível aquecimento da demanda interna – e ainda a esperada liberação dos envios por parte da China – pode impulsionar os preços da carne, diminuindo a atual diferença entre os valores da carcaça e do boi gordo. Por outro lado, a baixa oferta de animais pode manter também em valorização a arroba do animal, movimento que, por sua vez, poderia ser reforçado com uma provável volta dos embarques brasileiros de proteína à China.
(AE)