Após um pico de abates de bovinos nos últimos meses, frigoríficos brasileiros devem promover um ajuste de produção e reduzir o ritmo, avalia o gerente executivo de Compra de Gado da Minerva, Fabiano Tito Rosa. Ele diz que o motivo principal são as margens mais apertadas da indústria, com a queda do preço da carne bovina e o aumento da arroba do boi. “O consumo está melhorando, mas a produção cresceu muito mais”, disse Tito Rosa, durante palestra no Intercorte, evento realizado nesta sexta-feira, em Cuiabá (MT).

O executivo afirmou que os abates cresceram exponencialmente em todo o País no primeiro trimestre, sobretudo por causa do expressivo descarte de fêmeas. No caso da Minerva, o avanço nos trabalhos foi de 32% em relação a igual período de 2017, segundo ele. Conforme os números do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, os abates no período quase dobraram. O executivo disse que deve haver erro nos números do governo e que já foi solicitada uma revisão. “Não dobramos o abate, mas aumentamos muito, sim”, diz Tito Rosa.

“A exportação está indo muito bem, quando olhamos o número absoluto. Mas, ao mesmo tempo, a produção subiu, por isso o preço médio caiu”, disse. Segundo ele, Rússia e Estados Unidos, países que embargaram as compras de carne bovina do Brasil no ano passado, são importantes na formação de preço, o que prejudica a rentabilidade. “A Minerva tinha duas unidades habilitadas para os EUA e era de longe o melhor mercado para a venda de (cortes de carne do) dianteiro”, disse. Ele disse que a Rússia, por sua vez, é bastante atrativa para a venda de recortes bovinos.

Tito Rosa ressaltou, ainda, que o Brasil pode crescer bastante em mercados internacionais, mas que precisa estar pronto para atender às exigências, como questões de idade e peso dos animais abatidos. “Se eu quiser ter liquidez, eu tenho de atender”, disse. “O mercado cresce, mas com o aumento proporcional de nível de exigência”, disse.

Em relação ao consumo doméstico, o executivo vê crescimento, mas se diz mais otimista com relação ao segundo semestre. “(2018) Vai ser mais um ano volátil e é preciso fazer estratégia de gestão de risco, usando ferramentas de hedge que existem”, completou.