O dólar caía com força frente ao real nesta quinta-feira, chegando à casa dos 5,44 reais nas mínimas da sessão em meio a expectativas crescentes de que o Banco Central endurecerá o ritmo de seu aperto monetário devido às pressões inflacionárias domésticas.
Às 9:49, o dólar recuava 0,91%, a 5,4526 reais na venda, depois de chegar a tocar 5,4440 reais na mínima do dia, queda de 1,06%.
O principal contrato de dólar futuro tinha queda de 0,80%, a 5,4670 reais.
A movimentação desta quinta-feira vem depois de, na véspera, o real ter apresentado desempenho muito superior ao de alguns de seus principais pares emergentes, apesar da disparada internacional do dólar na esteira de dados de inflação mais fortes do que o esperado dos Estados Unidos.
Investidores atribuíram a resiliência recente da divisa brasileira a expectativas de que o Banco Central pode intensificar seu atual ritmo de elevação de juros, uma vez que dados domésticos sobre os preços ao produtor continuam a surpreender para cima.
Na quarta-feira, o IBGE informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,25% em outubro, após alta de 1,16% no mês anterior, alcançando a maior variação para o mês desde 2002 (1,31%). Em 12 meses, a alta foi de 10,67%, resultado mais forte desde janeiro de 2016 (+10,71%).
“Nossa avaliação é que o Banco Central precisa acelerar o ajuste da política monetária para evitar perder totalmente o controle sobre as expectativas, que já sinalizam perda da meta para a inflação em 2022”, disse a Genial Investimentos em nota.
A meta de inflação para o ano que vem é de 3,5%, com margem de tolerância de 1 ponto percentual para mais ou para menos. A taxa Selic está atualmente em 7,75% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC promover alta de 150 pontos-base em seu último encontro.
Juros mais altos tendem a tornar o mercado de renda fixa doméstico mais atraente, consequentemente elevando a demanda pelo real.
Investidores também estão de olho no noticiário em torno da PEC dos Precatórios. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que ficará a cargo da relatoria da proposta na Casa, afirmou acreditar que há chances de senadores manterem o texto aprovado pela Câmara. Ele não descartou, no entanto, que possa ser aprimorado.
Aprovada em segundo turno na terça-feira pela Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) modifica a regra de pagamento dos precatórios –dívidas do governo cujo pagamento foi determinado pela Justiça– e altera o prazo de correção do teto de gastos pelo IPCA.
Em relatório desta quinta-feira, o Bradesco disse que “a aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara removeu parte das incertezas do cenário fiscal, mesmo com o prosseguimento da proposta no Senado, o que ajuda a explicar também a dinâmica dos mercados locais, especialmente curva de juros e taxa de câmbio.”
No mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs rondavam a estabilidade na curva até janeiro de 2027.
Na véspera, o dólar spot fechou em alta de 0,21%, a 5,5024 reais na venda.
(Reuters)