O baixo consumo doméstico limita o fortalecimento dos preços do varejo, o que, por sua vez, causa impacto na precificação de toda a cadeia produtiva.

Utilizando-se dos preços corrigidos pelo IGP-DI destes três segmentos (média das carnes bovinas no varejo, boi casado no atacado e o valor da arroba), nota-se que a variação dos preços a cada ano, no período entre 2011 e 2017, seguiram tendências similares (gráfico 1).

Destaca-se ainda que as quedas registradas em 2011/12 foram mais expressivas para os preços praticados no atacado e para a arroba bovina, e em menor proporção para as cotações do varejo.

Por outro lado, as valorizações entre 2012 e 2014 foram mais expressivas para os preços registrados no varejo.

Ou seja, desvalorizações dos preços do varejo pressionam negativamente e ainda com maior intensidade os valores praticados nos segmentos iniciais. Enquanto que o seu fortalecimento, promove valorizações do atacado e da arroba do bovino terminado no mesmo período.

Além disso, quando se considera a valorização acumulada desde 2008 (gráfico 2), novamente a alta em maior proporção aconteceu para os preços praticados no varejo, de forma mais acentuada entre 2013 e 2015.

Mas nos últimos anos a alta foi mais comedida, observe que entre 2015 e 2016 o preço no varejo subiu 5,15%, enquanto que no biênio anterior (entre 2014/15), a alta foi de 18,30%.

Já entre 2016 e 2017 os preços no varejo valorizaram apenas 1,05%. A segunda menor variação para o período analisado, apenas entre 2009/10 as cotações do varejo contaram com valorização menor (de 0,06%).

E no mesmo intervalo de tempo, entre 2016/17, os preços do atacado e da arroba caíram, respectivamente, 1,63% e 8,95%.

Ou seja, nem mesmo uma estabilidade dos preços no varejo entre 2016 e 2017 promoveu uma alta do consumo, com o lento escoamento da carne pressionando negativamente as cotações praticadas no atacado e pelo animal terminado.

 

Perspectivas

Com a capacidade operacional da indústria bovina ampliada, a maior oferta no mercado doméstico de aves e com o consumo interno avançando de forma lenta, os preços seguem em ambiente pressionado.

De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, nos dois primeiros meses de 2018, o preço da carne bovina no varejo contou com leve aumento de 0,12%, e a carne suína subiu 0,44%. Enquanto que a carne de frango caiu 3,40 p.p.

Este cenário mantém a pressão negativa para a arroba bovina no curto prazo, mas a perspectiva é de normalização da cadeia produtiva da avicultura, além de gradual aumento do poder aquisitivo da população.

E considerando ainda as eleições no segundo semestre em um período de entressafra, as cotações do boi gordo podem encontrar pressão positiva no médio prazo.