O enorme setor de suínos da China está lutando com o excesso de produção depois que milhões de pequenos criadores de porcos entraram no segmento em busca de lucros recordes, devido a um período de escassez relacionado à peste suína africana.
Agora, mesmo com os preços pairando abaixo do custo de produção e o governo incentivando o abate dos rebanhos, muitos dos recém-chegados relutam em desistir, reduzindo as esperanças de que o mercado volte ao equilíbrio.
“Perdemos 400.000 yuans (62.500 dólares) por mês desde julho. Mas tivemos lucro no ano passado, então vamos nos segurar”, disse Wu Zhanhang, fazendeiro do centro de Henan, a principal província produtora de suínos da China.
Zhanhang, como muitos outros, entrou na criação de porcos pela primeira vez em 2019, depois que lideranças da China pediram uma recuperação urgente após um surto nacional do vírus mortal da peste suína africana, que reduziu pela metade o rebanho de 447 milhões de animais do país.
Os lucros inicialmente dispararam em linha com os preços mais altos da carne suína, a proteína favorita do país. Mas o aumento da produção e as interrupções na demanda relacionadas a pandemia da Covid-19 reduziram os preços em 70% este ano, causando grandes perdas aos produtores nos últimos três meses.
Zhanhang, que tem um comércio de produtos veterinários, gastou seis milhões de yuans (935.000 dólares) em uma nova fazenda onde engorda cerca de 5.000 porcos de cada vez.
No ano passado, ele ganhava até 3.000 yuans (470 dólares) por porco, valor três vezes melhor do que o visto em anos anteriores. Neste ano, depois que os preços despencaram, ele vendeu suínos totalmente adultos, com fase de engorda completa, por menos do que os comprou como leitões desmamados.
A mudança dramática na sorte do setor atingiu até mesmo as maiores empresas de suínos e causou estragos em toda a cadeia, incluindo seus fornecedores.
Muitos criadores estão lutando para pagar seus fornecedores, disse um gerente de uma empresa de rações, e estão até mesmo cortando ingredientes regulares para rações. O farelo de soja é uma das matérias-primas utilizadas na alimentação animal.
Todos desaceleraram ou mesmo interromperam as expansões planejadas. O Tech-bank Food está alugando algumas de suas fazendas recém-construídas e suspendeu a construção de outras, enquanto atrasa o pagamento dos salários dos administradores, informou a companhia a investidores.
Mais de dois milhões de pequenos agricultores entraram no setor no ano passado, de acordo com dados oficiais, juntando-se a cerca de 20 milhões de pequenos produtores de suínos, enquanto cerca de 16.000 novas fazendas de grande escala também começaram a operar.
(Reuters)