Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

A análise da última semana destacou como o aumento da capacidade operacional da indústria ocasiona maior demanda pela matéria-prima e influencia o equilíbrio dos preços pecuários, consequentemente aumentando a resposta do volume de carne bovina disponível no atacado e no varejo, fazendo subir a volatilidade dos preços pecuários.

O detalhes dessa conjuntura podem ser acessado por meio deste link.

Dado o forte apetite da indústria no último semestre, a projeção de aumento para os abates em 2018 ante 2017 segue em 10% e, considerando o ritmo de embarques observado nos últimos dois trimestres, as exportações possuem boa chance de crescer na mesma medida ao longo do ano (e caso não haja complicações de efeito político/sanitário).

No gráfico 1, além do histórico a partir de 2004, é possível observar a projeção dos embarques seguindo a maior oferta de carne bovina em 2018.

Mas nesse ambiente de ampliação da capacidade de abate, o principal driver do mercado se concentra no consumo doméstico, ou seja, seu potencial de absorver a maior oferta de carne bovina que advém da atual “boca grande” os frigoríficos.

Atualmente, a notícia de suspensão temporária das exportações de 10 plantas da BRF de carne de frango para a União Europeia fez com que a oferta de frango no mercado aumentasse.

Além disso, as notícias vieram em um momento em que a safra começa a exercer maior pressão negativa às cotações, já que a oferta de animais deverá aumentar gradualmente aumentar conforme definha a capacidade de suporte dos pastos.

O destaque ocorreu pela forte queda do contrato futuro de outubro/18. Os ajustes negativos que iniciaram na primeira metade de março, levaram as cotações para o mesmo patamar de setembro de 2017, além de marcar a mínima deste ano (gráfico 2).

A questão é que os ajustes produtivos da indústria de frango costumam ser relativamente rápidos (a partir de 45 dias), possibilitando que já no segundo semestre o atual excedente de carne de frango no mercado interno não mais exista.

Além disso, o consumo de carne bovina deve se expandir, em resposta à recuperação econômica e ao dinheiro de campanha eleitoral a ser injetado na economia.

Portanto, o contrato futuro para outubro/18 deve sofrer reajustes e pode se recuperar. E caso isso ocorra, os abates deveriam expandir para conseguir atender um consumo per capita entre 40,00 e 41,00 kg per capita, com exportações subindo ao redor de 150 a 200 milhões de toneladas em 2018 ante os números do ano passado.

Se confirmado o cenário, resultará em importante suporte aos valores pecuários, especialmente dada a conjuntura de expressivo aumento dos abates bovinos já no início de 2018.

O gráfico 3 ilustra as projeções da Agrifatto com relação aos abates totais ao longo do ano.