Importadores chineses de carne bovina disseram nesta segunda-feira que a suspensão das exportações do Brasil, seu principal fornecedor, por conta de dois casos de doença da vaca louca atípica, não teve impacto imediato no mercado, com alguns ainda fazendo compras em antecipação a uma rápida retomada do comércio.
O Ministério da Agricultura confirmou no sábado a ocorrência no Brasil de dois casos atípicos da doença Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “vaca louca”, o que desencadeou a suspensão temporária de exportações de carne bovina para a China a partir desta data, como parte do cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre os dois países.
Apesar da participação dominante do Brasil de 40% nas importações de carne bovina pela China, os preços não mudaram até segunda-feira e alguns importadores ainda estavam em busca de negócios.
“Ainda estamos comprando, as fábricas precisam manter seus estoques”, disse Grace Gao, gerente geral da importadora Goldrich International, de Dalian.
A vaca louca “atípica” é considerada de menor risco do que a forma clássica da doença, pois ocorre de forma natural e apenas esporádica em bovinos mais velhos.
A doença “clássica” da vaca louca é transmitida por alimentos contaminados e foi associada à variante da doença de Creutzfeldt-Jakob em pessoas.
O Brasil suspendeu anteriormente as exportações por 10 dias em 2019, após relatar um caso “atípico”.
“Presumo que o governo chinês não banirá as importações”, disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank. “O Brasil é muito importante.”
A autoridade alfandegária da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O Brasil embarcou mais de 500.000 toneladas de carne bovina para a China de janeiro a julho deste ano, ou 38% das importações totais da China, mostram dados da alfândega chinesa, colocando-o bem à frente do fornecedor nº 2, a Argentina, que forneceu pouco menos de 300.000 toneladas.
As ofertas globais de carne bovina estão muito restritas e os preços já estão em níveis recordes, acrescentou outro grande comprador de carne bovina da China.
“Se durar apenas 15 dias, não haverá impacto nenhum. O Brasil ainda está produzindo e leva dois meses para embarcar carne para cá”, acrescentou, recusando-se a se identificar porque não tem permissão para falar com a mídia.
Enquanto as importações de carne suína da China estão caindo devido à recuperação da oferta doméstica, a demanda chinesa por carne bovina continua crescendo.
A Irlanda, um fornecedor menor de carne bovina da China, relatou um caso de doença “atípica” da vaca louca em maio do ano passado. Ainda não foi possível retomar as exportações.
(Money times)