O Brasil deve conseguir retomar as exportações de carne bovina para a China, o seu principal parceiro comercial, em cerca de 10 a 20 dias, após a suspensão anunciada hoje pelo Ministério da Agricultura, em razão da confirmação de dois casos atípicos do mal da “vaca louca” no País. A avaliação foi feita pela diretora executiva da Agrifatto, Lygia Pimentel, ao Broadcast Agro neste sábado. “A situação deve se normalizar sem muita demora.”
A especialista explica que, por protocolo, quando casos da doença são identificados em território brasileiro, as autoridades competentes precisam comprovar laboratorialmente a origem da doença. “No primeiro momento, isso ocorre em laboratórios domésticos, mas depois é necessária uma contraprova em um laboratório internacional autorizado pelo comprador, neste caso, a China”, afirma.
A interrupção dos embarques ocorreu de maneira voluntária pelo Brasil, até que os resultados sejam analisados e todas as questões sejam esclarecidas, comenta Pimentel. Como os casos do mal da “vaca louca” foram reportados pelo Ministério da Agricultura como atípicos, ou seja, quando o problema foi sido desenvolvido dentro do próprio organismo do animal, sem risco de contaminação, o restabelecimento das exportações é uma questão de tempo, disse.
“Quando sair o resultado de todos os testes, o Brasil deve escrever um ofício e enviar para os chineses entenderem o que aconteceu e, na sequência, com as explicações aprovadas, o mercado volta a ser liberado”, disse a especialista da Agrifatto.
E acrescentou que os negócios devem se normalizar de forma rápida, uma vez que a China ainda tem uma alta necessidade de importar carne brasileira em meio ao aumento dos relatos de casos de peste suína africana no país. Soma-se a isso, o gargalo deixado no mercado internacional pela restrição das exportações de carne argentina, outro importante fornecedor de proteína animal para os chineses.
Embora a perspectiva seja de paralisação por um curto período, a conjuntura deve balançar o setor pecuário. “Há 150 mil toneladas de carne pronta sem conseguir embarque”, comenta a diretora executiva da consultoria, ao mencionar que a tendência é de recuo nos preços da carne bovina no País nos próximos dias. “Mas isso deve ficar restrito ao atacado apenas, sem chegar ao varejo.”
No mercado físico de gado pronto para o abate, por exemplo, frigoríficos chegaram a paralisar as compras de animais nas principais praças pecuárias desde a quarta-feira, quando a notícia dos casos da doença ganhou corpo. “A comercialização já foi praticamente zero nos últimos dias”, disse Pimentel.
(AE)