O dólar passava a subir contra o real nesta quinta-feira, depois de apresentar fortes perdas na véspera e iniciar a sessão perto da estabilidade, acompanhando o desempenho da moeda norte-americana no exterior, enquanto os operadores ficavam de olho no estado de saúde do presidente Jair Bolsonaro.
Às 12:17, o dólar avançava 0,41%, a 5,1066 reais na venda, enquanto o dólar futuro ganhava 0,45%, a 5,1035 reais.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes registrava leves ganhos nesta manhã, enquanto divisas emergentes pares do real recuavam.
A moeda norte-americana encontrou algum apoio após dados mostrarem que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, à medida que o mercado de trabalho ganha força.
Na quarta-feira, a divisa norte-americana apresentou perdas generalizadas depois que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, acalmou temores sobre uma possível redução de estímulos mais cedo do que o esperado, prometendo “apoio poderoso” para a recuperação econômica dos EUA.
No mercado doméstico, o dólar à vista teve queda de 1,87% na véspera, a 5,0855 reais na venda, sua desvalorização diária mais acentuada desde 31 de março de 2020, quando caiu 2,23%.
Além de ter acompanhado a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, os investidores apontaram para sinais promissores do ambiente doméstico como fatores de impulso para os ativos brasileiros.
Analistas da XP Investimentos disseram em nota que os mercados reagiram positivamente ao relatório da reforma do Imposto de Renda, que prevê redução na tributação das empresas: “a versão do relator corrigiu boa parte dos problemas da versão anterior e animou os mercados.”
Além disso, eles também apontaram para a trajetória de elevação de juros pelo Banco Central do Brasil, que já promoveu três altas consecutivas de 0,75 ponto percentual na taxa Selic e indicou que vai anunciar aumento da mesma magnitude, pelo menos, em sua próxima reunião.
Custos de empréstimos mais altos tornam o real mais atrativo para a realização de estratégias de “carry trade”, que consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior. O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
Enquanto isso, vários analistas chamavam a atenção nesta quinta-feira para o estado de saúde de Bolsonaro.
O presidente deu entrada na noite de quarta-feira em um hospital particular de São Paulo para fazer exames após ter sentido fortes dores abdominais e ser diagnosticado com obstrução intestinal, e está sendo submetido a um tratamento clínico conservador enquanto médicos avaliam a necessidade de uma cirurgia.
Boletim médico, divulgado pouco depois das 12h, afirma que Bolsonaro está “evoluindo de forma satisfatória clínico e laboratorialmente”.
“Permanece o planejamento terapêutico previamente estabelecido. O presidente segue sem previsão de alta hospitalar.”