Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

Com a chegada de março, damos início à análise de como historicamente os preços se comportam de março a maio e de março até outubro. O objetivo é ter noção histórica das variações sazonais e medir com clareza as oportunidades que se mostram sobre a mesa atualmente.

Na média histórica entre 2000 e 2017, as cotações de março até maio caíram 1,13%, e a projeção apontada pelo mercado futuro para este ano indica deságio na ordem de -0,80 p.p.

Ou seja, a expectativa para 2018 é de preços recuando em menor proporção que a média histórica indica. Um sinal ainda mais positivo considerando a expectativa de abates em maior volume para 2018.

Além disso, destacam-se ainda dois períodos: O maior movimento de alta ocorrido em 2008, quando os preços subiram 10,31% e a maior queda, de 6,95% registrada em 2003.

A variações citadas acima estão ilustradas pelo gráfico 1.

Quando consideramos a tendência dos preços entre março e outubro do mesmo ano, a variação média fica positiva em 9,30%, já que sabidamente os preços partem de um período de safra em direção a preços mais altos que marcam a entressafra.

Em relação a possíveis valorizações (menos prováveis devido à questão sazonal), a maior alta de quase 40% ocorreu em 2010, um ano bastante atípico.  Já a queda mais preponderante registrada foi de -4,67%, em 2016.

Ou seja, os preços futuros com vencimento para maio/18, expressam tendência próxima à média histórica, enquanto que o ágio estimado entre março e outubro/18 na B3 está em 4,00%, intensidade inferior à média obtida pelo levantamento histórico que é de 9,30%.

Mas considerando os indicadores que apontam para um cenário de melhora econômica, há excelentes chances de que ainda haja espaço para movimentos de alta para os contratos do segundo semestre.

E no caso de o vencimento de out/18 seguir em curva positiva, a análise gráfica indica uma resistência em R$ 155,00/@, e, possivelmente, este deverá ser o valor que o mercado deve buscar em um próximo movimento de alta.

Em conclusão, apesar da retomada econômica lenta e de níveis para os indicadores ainda historicamente ruins, eles expressam sinais claros de recuperação e, mesmo com a boa oferta de animais para o abate este ano, a queda dos preços entre março e maio se mostra menor que a média histórica.

Por fim, a alta indicada no mercado futuro entre os valores da safra e da entressafra se mostra ainda comedida quando comparada com variações anteriores, mostrando que há potencial para novas altas.

A tabela 1 a seguir estima os preços nos diferentes cenários considerados nesta análise.

Obviamente há de se levar em consideração os riscos ainda presentes no radar, como os desdobramentos da Operação Carne Fraca, que deflagrou sua terceira etapa intitulada “Trapaça” hoje, e outros relativos à solvência de problemas políticos envolvendo grande empresa do setor.