(Reuters) – A Polícia Federal cumpre na manhã desta segunda-feira 11 mandados de prisão e 27 de condução coercitiva como parte da 3ª fase da operação Carne Fraca, informou a PF em comunicado, e uma fonte com conhecimento da operação disse que o alvo principal da ação é a gigante alimentícia BRF.

O ex-presidente-executivo global da empresa Pedro de Andrade Faria foi preso, segundo o site do jornal O Estado de S. Paulo.

A operação Carne Fraca foi deflagrada inicialmente pela PF em março do ano passado, e jogou o setor de proteínas do Brasil em uma grave crise de credibilidade com denúncias de irregularidades na fiscalização de frigoríficos, levando muitos países a suspenderem temporariamente as compras dos produtos nacionais.

Na ação desta segunda-feira, chamada Operação Trapaça, agentes da PF cumprem um total de 91 mandados judiciais nos Estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo, segundo comunicado da PF.

“As investigações demonstraram que cinco laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e setores de análises de determinado grupo empresarial, fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos”, disse a PF em nota, sem identificar a empresa envolvida.

O Ministério da Agricultura disse em nota que a fraude na emissão de resultados de laboratórios privados envolve as análises de bactérias Salmonella spp, presentes principalmente na carne de aves.

De acordo com uma fonte com conhecimento da operação, a empresa investigada é a gigante BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e maior exportadora de carne frango do mundo. Procurada pela Reuters, a BRF não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a operação policial.

A operação cria mais problemas para a BRF, que passa por um processo de mudança no seu comando. Os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras, solicitaram que seja convocada uma assembleia de acionistas para eleger um novo conselho de administração, atualmente presidido pelo empresário Abilio Diniz.

Segundo a Polícia Federal, as investigações demonstraram que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo empresarial, e também foram constatadas manobras extrajudiciais operadas por executivos do grupo com o fim de acobertar a prática dos atos ilícitos ao longo das investigações.

“As fraudes operadas tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA) e, com isso, não permitir que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa investigada”, afirmou a PF.

De acordo com o Ministério da Agricultura, entre os procedimentos adotados a partir de ação conjunta com a Polícia Federal está a suspensão do credenciamento dos laboratórios alvos da operação e a suspensão dos estabelecimentos envolvidos para exportar para países que exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella spp, entre outras medida.

“As empresas investigadas burlavam a fiscalização preparando amostras, através dos laboratórios investigados, com o objetivo de esconder a condição sanitária dos lotes de animais e de produtos, evitando, assim, uma medida corretiva restritiva do serviço oficial”, disse o ministério.