Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto
Os problemas climáticos na Argentina e a previsão de menor produção do milho brasileiro na safra 2017/18, sozinhos, já causariam pressão positiva às cotações.
Mas o expressivo e mais recente viés de alta resulta de produtores com pouca disposição à negociação, da colheita e comercialização da soja e pela incerteza sobre o rendimento da 2ª safra de milho. Por outro lado, demandantes entram mais agressivamente no mercado a fim de garantir a matéria prima.
Desse modo, o indicador do milho do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA subiu 12,80% desde o início de fevereiro, fazendo com que a saca de milho passasse de R$ 32,84 para R$ 37,05, o maior valor nominal desde 05 de janeiro de 2017, com possibilidade de renovação das máximas no curto-prazo.
As cotações futuras acompanharam o movimento do mercado físico e, considerando o mesmo período de comparação, o contrato de mar/18 valorizou-se 19,15%, encerrando o pregão do dia 27 de fevereiro de 2018 em R$ 39,57/sc.
Já o contrato de mai/18 subiu 16,00%, e fechou em R$ 38,16/sc.
O fato é que as condições climáticas nas próximas semanas deverão gradualmente confirmar o potencial produtivo da 2ª safra de milho, dependendo de como permitirem o avanço da semeadura e o estabelecimento da cultura.
Nesse sentido, agências climáticas apontam para chuvas pontuais e irregulares nos próximos dias na região do Centro-Oeste, o que pode colaborar, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada – IMEA, em melhor ritmo de plantio na última semana de janela ideal, mas não deve impedir que 26% da área naquele estado seja plantada fora dessa janela.
Já a partir de meados de março, as previsões calculam ampliação dos volumes de chuvas, o que pode colaborar para o estabelecimento do milho já semeado, mas atrasar os trabalhos nas áreas restantes.
Portanto, até que seja definido o potencial produtivo do milho safrinha e que se aumente a liquidez do mercado, a pressão deve continuar apoiada em especulação climática no Brasil e na Argentina, em associação com a demanda aquecida, perdurando o viés altista, possivelmente até meados de março, e cotações do mercado spot buscando referências em torno de R$ 40,00/sc.