Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto
O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA subiu 5,00% desde o início de 2018, com a última cotação em R$ 33,53/saca de 60 kg.
O contrato de milho na B3 (antiga BM&FBovespa) com vencimento para março/18 e referência para os valores do físico, rompeu hoje uma barreira de preços e está atualmente acima de R$ 34,00/sc.
Ou seja, se no começo do ano a maior comercialização do cereal para liberar espaço ao armazenamento da soja e aproveitar fretes com melhores preços causaram naquele momento viés de baixa, atualmente observa-se a menor liquidez oferecendo suporte aos preços, com o indicador já retomando aos níveis do início de 2018 (gráfico 1).
Mas a atual pressão positiva ocorre pelas estimativas de produção e de estoques progressivamente em queda a cada novo relatório. A última estimativa da CONAB trouxe números para a colheita abaixo de 90 milhões de toneladas, recuo de 4,70% ante o relatório anterior, e baixa de 20% para os estoques finais.
A especulação climática em torno da 2º safra também se mostra cada vez mais importante na precificação, já que as incertezas quanto a disponibilidade neste primeiro semestre aumentam o apetite de compra pelas tradings e para o uso em alimentação animal.
O comportamento do clima na Argentina que já consolida perdas em algumas regiões, também colabora para a pressão positiva.
Com relação as previsões de exportação, espera-se queda dos embarques brasileiros este ano, dada a expectativa de menor produção. Mas a demanda internacional deve continuar aquecida, e os volumes de exportações semanais dos EUA acima do esperado pelo mercado confirmam um consumo mundial em alta, o que também deve proporcionar importante sustentação aos preços internos.
Entretanto, se a safrinha do milho se mostrar com bom desempenho ao longo dos próximos meses, e visto os estoques mundiais relativamente elevados, não são descartadas novas pressões negativas.
Os dados do CEPEA indicam ainda que o Mato Grosso do Sul foi o estado com maior variação positiva a partir de fevereiro, causada principalmente pela valorização cambial no mesmo período.
O gráfico a seguir ilustra os estados com as maiores valorizações do cereal.
Possivelmente o indicador do CEPEA deve continuar em curva positiva e se aproximar dos ganhos conferidos no mercado futuro.
As altas deverão ser mais expressivas em regiões onde a criação de frangos, suínos e confinamentos bovinos são mais pujantes (destaque para os estados de Goiás e Santa Catarina onde os desafios climáticos se mostram mais preocupantes e há previsão de forte queda da área cultivada).
Por fim, a compra do cereal fazendo médias com preços menores, fixação do preço de balcão do milho com entrega futura ou ainda utilização do mercado futuro por meio da compra de CALL são alternativas a se proteger do risco de alta dos preços.