Gustavo Machado é consultor de mercado pela Agrifatto

 

O preço da carcaça casada bovina subiu 6,55% entre dezembro e a máxima do início de janeiro, mas na sequência devolveu os ganhos obtidos e recuou 9,00% até o dia 1º de fevereiro.

Atualmente a média do preço da carcaça casada bovina em São Paulo registra tímida reação, subindo 0,5% nos últimos dois dias, com a última cotação em torno de R$ 9,30/kg (gráfico 1).

 

O recuo no atacado pelo fraco consumo doméstico causou no mesmo período importante estreitamento dos spreads das indústrias (a diferença entre o preço da carne vendida no atacado e do preço pago pela arroba bovina). Queda de 6,75% entre janeiro/18 e dados parciais de fevereiro/17.

O fato é que se o consumo interno reagir de modo a manter os preços no atacado em viés de alta, sustentando assim os spreads de comercialização das indústrias, aumenta-se a possibilidade de pressão positiva do valor da arroba de boi gordo no curto prazo, especialmente considerando que as programações de abates seguem curtas para a maioria das praças brasileiras.

Nesse sentido, o valor em São Paulo que caiu em torno de R$1,00/@ entre o início e final da semana passada, hoje já apresenta melhor sustentação, com registro de negócios a R$ 150,00/@ para descontar impostos, um preço bastante convidativo considerando o viés de baixa observado desde o início do ano.

De todo modo, a referência para São Paulo fica em torno de R$ 146,00/@ à vista e livre de Funrural. Com as programações de abates atendendo em torno de 5 dias úteis, mesma proporção para Mato Grosso e Rondônia.

O destaque fica para Minas Gerais, onde as escalas seguem ainda mais estreitas, mantendo no radar um possível movimento de alta no curtíssimo prazo.

Por outro lado, também se observa uma maior participação de fêmeas (especialmente em GO e no MS, ambas com escalas em torno de 7 dias úteis).

Ademais o ritmo de exportação em janeiro contou com melhor desempenho na sua última semana, e superou em mais de 10% as expectativas do mercado para os embarques de carne bovina in natura, totalizando o envio de 99,5 mil toneladas.

O volume mantém as expectativas positivas para o envio da matéria prima brasileira nos próximos meses, o que deve oferecer importante sustentação aos preços no médio prazo.

Por fim, o recente movimento positivo para os preços pecuários também influenciou as cotações futuras, com os contratos de fevereiro, março e maio subindo em média 0,50%. Veja pelo gráfico 3 as cotações para o contrato de fevereiro/18.

Portanto, os preços devem registrar reajustes positivos nos próximos dias, mas com a B3 (antiga BM&F) indicando deságio para os meses seguintes, natural com a chegada da safra, e assim a alta no mercado futuro pode abrir oportunidades de compra de seguro de preços (PUT) em cotações mais baixas.