Para amenizar os efeitos da alta nos preços de insumos usados na produção de carnes, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pede que o governo facilite importação de milho e soja, crie um sistema oficial de informações sobre exportações futuras de grãos, financie construção de armazéns e incentive o plantio no Brasil.

A entidade afirma que os preços de carnes pagos pelos consumidores vêm aumentando por causa da alta no custo com insumos, e que novos avanços devem ocorrer nos próximos meses. “A carne de aves, de suínos e ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020 – quando os valores por tonelada eram menores”, diz comunicado da ABPA. “Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país.”

A associação que representa a avicultura e a suinocultura no Brasil afirmou que, em meio à pandemia da covid-19, houve especulação nos preços de grãos. “O milho e a soja, insumos básicos que compõem 70% dos custos de produção, acumulam altas nunca registradas no País. No caso do milho, houve registros superiores a 100% em diversas praças consumidoras do país. No caso da soja, as elevações acumularam mais de 60% em relação ao mesmo período de 2020”, diz a nota. “Estas altas se adicionam a outras, como o diesel (+30%), a embalagem de papelão (+60%) e as embalagens rígidas e flexíveis (+80%).”

A mensagem da ABPA cita ainda o mais recente Índice de Custos de Produção (ICP) da Embrapa Suínos e Aves, de abril, que afirmou que produzir carne de frango ficou 39,79% mais caro em relação ao mesmo mês de 2020, enquanto para suínos, o aumento foi de 44,5%.

Por isso, a nota pede que o Brasil tenha “igualdade de competição pelos insumos em relação ao mercado internacional, evitando a desindustrialização e a perda de postos de trabalhos, especialmente em cidades do interior”. Outro objetivo é reduzir a diferença na dificuldade entre importação e exportação de grãos. “Hoje é muito mais fácil embarcar grãos para o exterior do que importar.”

Leia a íntegra das medidas solicitadas pela entidade:

“- Viabilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal. Hoje há desoneração de tarifa para esta importação, mas não há viabilização técnica;

– Suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não-integrantes do Mercosul;

– Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS para importações provenientes de países extra-Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback;

– Suspensão temporária de cobrança de PIS e COFINS sobre os fretes realizados no mercado interno;

– Criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, assim como ocorre em outros países, para dar mais transparência ao mercado de insumos, evitando situações especulativas como a atual.

– Financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, dando mais estabilidade ao mercado;

– Políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil”

(AE)