Mercado aguarda com expectativa relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sobre oferta e demanda de grãos no país e no mundo
Nesta quarta-feira, 12, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deve fazer revisões para baixo nos estoques finais dos EUA e na produção de milho da América do Sul. Os relatórios de maio sobre oferta e demanda de grãos nos EUA e no mundo serão divulgados às 13h, no horário de Brasília. Os mercados agrícolas ao redor do planeta, que já estão bastante empolgados, podem subir ainda mais, se o USDA seguir as expectativas do setor.
Milho e soja nos EUA
Para o milho, o comércio espera que o USDA fixe os estoques finais de 2020/2021 dos EUA em 1,28 bilhão de bushels (32,5 milhões de toneladas), contra a estimativa de abril de 1,35 bilhão de bushels (34 milhões de toneladas). Para o milho nova safra, o USDA deve estimar os estoques finais em 31 de agosto de 2022 em 1,35 bilhão de bushels (34,3 milhões de t), contra a estimativa de abril de 1,55 bilhão de bushels (39,4 milhões de t).
A expectativa é grande em relação aos números projetados para a soja nos EUA, que já sofreram muitos ajustes ao longo do ano. Em abril, o USDA fixou os estoques finais de soja dos EUA 2020/2021 em 120 milhões de bushels (3,27 milhões de t). O mercado pré-relatório é unânime ao apostar em um volume entre 91 milhões e 130 milhões de bushels (de 2,5 milhões a 3,5 milhões de toneladas).
“O consenso geral é que haverá uma ligeira redução em relação ao mês passado”, disse Mac Marshall, vice-presidente de Inteligência de Mercado da Câmara da Soja e do Conselho de Exportadores de Soja dos EUA.
Embora o USDA tenha elevado os volumes de exportação de soja no mês passado, os números relativos ao esmagamento contrabalançaram a ponto de os estoques finais não serem alterados.
“Não vou dizer categoricamente que este será o mês em que veremos o USDA fazer uma redução bastante significativa nos estoques finais. Ainda temos alguns meses de comercialização restantes no ano. Não quero especular se eles irão ajustar os estoques finais ou adotar uma abordagem gradual. Outra coisa que estamos observando são os números do balanço da nova safra”, afirma Marshall.
A questão, segundo ele, é por quanto tempo o aperto nos estoques de soja vai persistir. “É isso que o mercado estará procurando no relatório desta quarta-feira: o que o USDA vai dizer sobre os estoques finais na safra 2021/2022. Como ainda estamos no início do plantio, esse número pode ser muito variável agora.”
Em março, o USDA projetou a área plantada com soja no país de 87,6 milhões de acres (35,45 milhões de hectares) e aguardava pela tendência da produção. “Portanto, interpretar quais serão os estoques finais em 31 de agosto de 2022 é dizer o que se espera desta safra, combinado com a produção e demanda deste ano”, disse.
“Estamos olhando agora para um ano excelente para as exportações de soja. Mas isso continua no próximo ano? Que números o USDA vai mostrar? E como o governo vai avaliar a intensa atividade de esmagamento de soja que estamos tendo neste ano?”, indaga Marshall.
América do Sul
O relatório de oferta e demanda do USDA desta semana também vai atualizar os dados sobre a produção de milho e soja na América do Sul. Todos os olhos estarão voltados para a estimativa da segunda safra de milho do Brasil, que foi duramente atingida pela seca. Tradicionalmente, a chamada “safrinha” é voltada para a exportação.
“Os números do milho vão atrair muita atenção. O consenso pré-relatório mostra a safra total de milho do Brasil num ponto entre 100 milhões e 106 milhões de toneladas. Qualquer mudança significativa nessa estimativa terá impacto no mercado de milho e nas mudanças de área plantada dos EUA”, disse Marshall.
No mês passado, o USDA estimou a safra brasileira de milho em 109 milhões de toneladas. Na semana passada, a consultoria AgRural estimou a segunda safra de milho deste ano em 69 milhões de toneladas, abaixo, portanto, dos 75 milhões de toneladas colhidas no ano passado.
Para a soja, as estimativas que antecedem o relatório apontam para uma safra brasileira de 130 milhões a 138 milhões de toneladas, contra a estimativa de abril do USDA de 136 milhões de toneladas. “Não espero que o USDA faça uma revisão neste momento”, disse Marshall. A safra de soja no Brasil está quase concluída.
Talvez mais interessante seja a estimativa do USDA para a safra da oleaginosa na Argentina. As estimativas de antes do relatório apontam para um volume em torno de 46 milhões de toneladas, contra 47,5 milhões de toneladas na projeção do USDA em abril. “Depois de muitas reduções ao longo do ano, o adido local do USDA na Argentina revisou para baixo suas expectativas para a safra, devido às condições de seca”, disse Marshall.
(Canal Rural)