As chuvas irregulares podem prejudicar a produtividade da segunda safra de milho, também chamada de safrinha ou segunda safra, no noroeste de Minas Gerais, uma das maiores regiões produtoras do cereal do Estado.

O coordenador regional da Emater-MG em Unaí, Álvaro Goulart, disse em comunicado que as chuvas têm sido irregulares, mas não houve perdas significativas nas lavouras. No entanto, deve ocorrer uma redução de produtividade. “A gente esperava uma produtividade média de 90 sacas por hectare, mas agora a expectativa é de 60 sacas por hectare. Sem a chuva para granar o milho, a redução da produtividade deve ser entre 20 a 30% na segunda safra do grão”, informou.

Goulart ressaltou que a produção de milho safrinha vem crescendo ano a ano na região, chegando a superar a safra de verão, ou primeira safra, como ocorreu em 2019 quando área da primeira safra foi de 78 mil hectares plantados e a segunda de 79 mil hectares.

Este ano, no entanto, apesar dos bons preços do grão, muitos produtores locais ficaram receosos em investir na safrinha, por causa do calendário de plantio e colheita da soja postergado pela demora das chuvas no início da safra, em 2020. “O atraso das chuvas comprometeu a janela ideal para o plantio da segunda safra. Assim a safra normal de milho cresceu bastante, chegando a 110 mil hectares plantados na região (em 2020 foram 75 mil hectares), mas na safrinha ficou em 75 mil hectares cultivados, apesar dos ótimos preços”, explicou Goulart.

Além das incertezas quanto às condições climáticas provocadas pelo atraso da época do plantio, a alta dos custos de produção também desestimulou muitos produtores a investir na segunda safra. “Os custos de produção têm subido assustadoramente. A maioria dos insumos é dolarizada e o dólar se mantém num patamar alto. E também sempre há alguma especulação de fabricantes e vendedores, que veem um momento para ganhar dinheiro, já que os preços do milho estão beirando os R$ 100 a saca”, disse o coordenador estadual de Culturas da Emater-MG, Sérgio Brás Regina,

Além da forte elevação dos insumos agrícolas, outra preocupação do coordenador estadual da Emater-MG é com o efeito inflacionário da subida dos grãos no setor agropecuário. “Quando o milho e a soja sobem, eles carregam junto uma série de outros produtos, principalmente da cadeia de proteína animal. Uma boa parte da composição das rações animais é composta por essas duas commodities. Então, será inevitável um impacto na produção de carnes, suínos, aves e ovos, leite, enfim, tudo será afetado”, concluiu o coordenador de Culturas. (AE)