Rabobank mantém a expectativa de aumento do rebanho suíno no mundo, mas vê um crescimento moderado devido aos altos custos da atividade. Para este ano, a estimativa do banco é de um aumento de produção de carne suína de 3,4% ante a projeção inicial de 4,3%. Em relatório, o Rabobank diz que a oferta limitada dá sustentação aos preços. “Mais perdas por doenças nas principais regiões produtoras, além do impacto atrasado de falências de indústrias durante a pandemia, limitaram a oferta disponível de suínos”, diz.

Para produtores, avalia o banco, o aumento nos preços é suficiente para compensar a alta de custos. E mercados e produtores que resistirem ao momento difícil devem ver uma melhora no cenário, com aumento da demanda global após a pandemia da covid-19, afirma.

De acordo com o Rabobank, a peste suína africana foi mais difícil de se controlar do que o esperado inicialmente em algumas regiões. Além disso, partes da América do Norte também viram aumento na perda de animais em decorrência de outras doenças. “O retorno da peste suína clássica no Japão e no Brasil, ainda que expectativa de impacto limitado na produção, também traz novos riscos para esses mercados”, diz o banco.

A outra dificuldade mencionada foi aumento de custos em decorrência dos menores estoques de grãos e óleos vegetais. “O preço de ingredientes de ração teve aumento anual médio de 35%”, afirma o relatório. A ração é o principal custo para a maioria dos produtores, especialmente aqueles que dependem de importação, como China, Japão e México. “Para aqueles com altos custos, esperamos liquidação de rebanho e crescimento mais lento da produção.”

O lado da demanda é considerado mais incerto. A pandemia da covid-19 faz com que bares e restaurantes tenham queda no público, o que pode reduzir o consumo de produtos de mais valor agregado, como os processados. “Novas restrições para refeições fora de casa e viagens para conter a alta de casos do coronavírus em algumas regiões, como Japão e partes da Europa, também pode reduzir as vendas e prejudicar a economia desses locais”, afirma o Rabobank.

A China, no entanto, é o país onde a demanda se mantém forte e ajuda a impulsionar os preços globais da proteína. As importações de carne suína do gigante asiático em março registraram aumento anual de 22%, para 1,43 milhão de toneladas, volume acima das expectativas. O país aumentou as compras da Europa e, principalmente, de Brasil, Canadá e Chile. Se o ritmo se mantiver, os chineses podem se aproximar do teto das expectativas de importação do Rabobank para 2021, que é de algo entre 3,5 milhões e 5 milhões de toneladas. O banco destaca, porém, que ainda há incertezas a esse respeito e que diversos países exportaram menos em abril por causa da queda sazonal na demanda, do aumento de custos e de preços de exportação.

No Brasil, onde também se vê um avanço anual expressivo de preços de suínos e da carne suína – 23% e 20%, respectivamente -, o banco destaca que as cotações são voláteis. A demanda doméstica ainda é relativamente fraca por causa da piora da pandemia e do fim do auxílio emergencial, embora a aprovação de um novo auxílio possa ajudar na estabilização do mercado. “Nos preços atuais, alguns produtores não conseguirão compensar completamente os preços mais altos de ração e animais”, diz o Rabobank. O banco projeta leve crescimento de 0,5% na produção anual de carne suína do País em 2021, menor do que a estimativa anterior.

As exportações brasileiras, entretanto, continuam competitivas porque o preço é mais baixo do que em outros países produtores e o real está desvalorizado ante o dólar. Em março, o volume exportado alcançou recorde histórico de 108 mil toneladas, 51% a mais do que um ano antes. “Como um vendedor de baixo custo para mercados globais, o Brasil deve continuar a ganhar participação nos mercados globais.” (AE)