A indústria de suínos dos Estados Unidos deve obedecer um novo limite de velocidade no abate de suínos, de 1.106 animais por hora. A medida é resultado de uma decisão judicial que foi bem recebida pelos trabalhadores, mas mal vista pelas agroindústrias. Industriais alegam que a medida pode prejudicar os produtores e as fábricas de processamento.
Executivos da indústria de suínos afirmam que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) notificou os processadores para que reduzissem a velocidade de processamento e preparem as plantas a operar dentro do novo limite de abate. Essa orientação segue uma decisão do tribunal federal de março que concluiu que o USDA, que regulamenta os frigoríficos, não avaliou totalmente como o processamento mais rápido afeta a segurança do trabalhador. Na decisão, o Tribunal Distrital dos EUA em Minnesota concedeu ao USDA 90 dias para determinar os planos de redução de abate para os frigoríficos.
A política de redução da velocidade das linhas de abate de suínos pode afetar algumas das maiores fábricas da indústria de suínos dos EUA, incluindo plantas da JBS USA Holdings Inc., Clemens Food Group e Seaboard Corp. Juntas, essas fábricas representam quase um quarto da capacidade de processamento de carne suína dos EUA. A mudança reverteria parcialmente a reformulação das regras de abate de suínos do USDA de 2019, representando uma vitória para sindicatos e defensores dos trabalhadores que argumentaram que as linhas de processamento mais rápidas desafiam os trabalhadores e inspetores a acompanhar, colocando em risco a segurança alimentar e dos funcionários.
Um porta-voz da Seaboard disse que a segurança dos funcionários é uma prioridade e um princípio orientador para as operações da empresa. O executivo diz que a empresa está trabalhando com o USDA na regulação das velocidades de processamento. Uma porta-voz da JBS disse que a empresa, subsidiária da gigante brasileira de carnes JBS SA, seguirá as orientações do USDA e que a segurança do trabalhador é a prioridade da empresa. Representantes da indústria afirmam também que o ritmo diário de abate depende, além da regulação oficial, de fatores como o número de funcionários das plantas e de protocolos de segurança contra a covid-19.
Um representante do USDA disse que o governo Biden está comprometido com a segurança alimentar e do trabalhador e que está revisando a decisão do tribunal sobre as velocidades de abate. Sob a administração de Trump, o USDA permitiu que mais fábricas de suínos acelerassem o processamento, dizendo que os dados após um programa piloto de décadas mostraram que velocidades de linha mais rápidas não ameaçavam a segurança do trabalhador. Autoridades da indústria da carne argumentaram que a tecnologia moderna permite às fábricas realocar inspetores e trabalhadores, permitindo que as fábricas operem de forma mais eficiente e potencialmente reduzindo os preços para os consumidores sem sacrificar a segurança.
O Instituto Norte-americano da Carne (NAMI, na sigla em inglês), um grupo comercial para processadores de carne, pediu ao USDA que defenda limites maiores de abate. Autoridades da indústria alertaram que desacelerar a operação das fábricas pode fazer com a indústria não alcance a capacidade de processar cerca de 80 mil suínos por semana. Eles também apontam que as compras de animais e a programação de entregas às fábricas é feita com quase um ano de antecedência. “Obviamente, isso terá um impacto no mercado”, disse Mark Dopp, chefe de assuntos regulatórios do instituto. A desaceleração das fábricas pode sobrecarregar os frigoríficos com custos mais altos e qualquer acúmulo de animais pode reduzir os preços dos suínos para os produtores, disse ele.
O Instituto da Carne pediu que o USDA apele da decisão do tribunal. O USDA também pode propor novas regras apoiadas por dados mais robustos, mostrando que as fábricas podem operar mais rapidamente e ainda assim ser seguras para funcionários e consumidores, disse Dopp. O USDA não quis comentar essas propostas. (AE)