O dólar devolvia as perdas registradas no início do pregão para trabalhar em leve alta contra o real nesta sexta-feira, mas ainda caminhava para fechar a semana — marcada pela novela do Orçamento, discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima e exterior benigno — com queda expressiva.
Às 10:39, o dólar avançava 0,08%, a 5,4600 reais na venda, depois de ter caído a 5,4248 reais na mínima do pregão, seu menor patamar desde 25 de fevereiro deste ano.
O principal contrato de dólar futuro ganhava 0,28%, a 5,467 reais.
O movimento desta manhã vem após o dólar fechar sete pregões consecutivos em queda contra o real, a série mais longa de perdas desde dezembro de 2016.
Embora tenha recuperado algum terreno nesta manhã, a moeda norte-americana ainda caminhava para registrar perdas de aproximadamente 2,4% em relação ao fechamento da última sexta-feira.
Analistas da Genial Investimentos disseram em nota que “a definição do Orçamento deste ano, a mudança de tom de Bolsonaro na Cúpula do Clima e o arrefecimento das taxas longas americanas deram espaço para o fortalecimento da moeda doméstica nos últimos dias”.
Após semanas de impasse, o presidente Jair Bolsonaro sancionou na quinta-feira a lei orçamentária de 2021. A lei contou com um corte de 19,8 bilhões de reais em dotações orçamentárias e um veto a autorização para a criação de cargos na Política Militar e no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, bem como a edição de um decreto para promover um bloqueio adicional de mais 9 bilhões de reais nos recursos do Orçamento, medida necessária, segundo o governo, para garantir o cumprimento do teto de gastos.
“Após muita novela e muito atraso, o desfecho sobre o Orçamento pode ser considerado relativamente positivo, por acomodar todos os interesses e ainda respeitar as regras fiscais vigentes – ainda que o respeito à meta primária tenha sido ‘pró-forma’, com 120 bilhões de reais ficando fora da conta”, opinaram analistas da Levante Investimentos em nota.
Mas “(um risco) que não pode ser ignorado é o de ‘shutdown’ da máquina pública federal, com as despesas discricionárias sendo perigosamente levadas ao mínimo histórico após os novos cortes feitos quando da sanção do Orçamento.”
Também na quinta-feira, Bolsonaro participou da Cúpula do Dia da Terra com outros líderes internacionais, e trouxe algum alívio para os investidores ao utilizar um tom mais moderado ao falar sobre a postura do Brasil em relação à preservação ambiental, embora tenha contado, como conquistas do país no combate a mudanças climáticas, feitos de governos anteriores e que não se mantiveram em seu governo.