O dólar pode ficar instável na sessão, após acumular queda de cerca de 2% nas últimas duas sessões. A abertura do dólar à vista deve precificar o enfraquecimento do dólar ante pares principais e o peso mexicano, há pouco, em meio a um ajuste de alta dos retorno dos Treasuries longos, que caiam mais cedo. Um pano de fundo de cautela local com o risco fiscal do País também pode pesar, diante das incertezas sobre as negociações para corte de emendas no Orçamento de 2021 do governo federal e das perspectivas de aumento das mortes por covid-19 acima de 5 mil ainda neste mês no País, conforme projetam especialistas.
O boletim extraordinário divulgado ontem pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, da Fundação Oswaldo Cruz, alerta que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo do mês de abril, prolongando a crise sanitária e colapso nos serviços e sistemas de saúde nos estados e capitais brasileiras. A análise mostra que o vírus Sars-CoV-2 e suas variantes permanecem em circulação intensa em todo o País.
Contudo, é possível que a moeda americana recue durante a sessão. O índice DXY do dólar, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, passou a cair nesta manhã, revertendo leves ganhos da madrugada, à medida que o euro se fortaleceu na esteira de PMIs animadores da zona do euro.
Às 8h56 (de Brasília), o DXY caía 0,08%, a 92,262 pontos, enquanto o euro subia a US$ 1,1889 e a libra recuava marginalmente, a US$ 1,3810. O juro do T-Note 10 anos estava a 1,6580%, ante 1,651; e o retorno do T-Bond 30 anos, em 2,330%, de 2,314%.
Há perspectivas também de participação de investidores estrangeiros nos leilões de concessão de 22 aeroportos nesta quarta-feira. Se for confirmado, pode contribuir ainda com queda do dólar frente o real. Além disso, pode ser bem-recebido o encontro de empresários com o presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo, à noite, para pedir reformas e vacina, após o País registrar mais de 4 mil mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, recorde da pandemia.
Em relação ao Orçamento, o Congresso maquiou despesas obrigatórias para turbinar as emendas parlamentares em R$ 31,3 bilhões. Como mostrou o Broadcast, parte das mudanças foi negociada com a equipe econômica, que agora tenta reverter a parcela que fugiu do acordo, sob pena de o presidente Jair Bolsonaro entrar de vez na mira de órgãos de controle ao sancionar um Orçamento irreal.
Ontem, o dólar à vista terminou em baixa de 1,41%, a R$ 5,5998. No mercado futuro, o dólar para maio fechou em queda de 1,30%, a R$ 5,600.