A disputa técnica em torno da taxa Ptax de fim de março e do primeiro trimestre pode sustentar a volatilidade no mercado de câmbio pelo menos até o início da tarde, quando será definida a taxa que balizará os ajustes de contratos cambiais e resultados corporativos nesses períodos. Devem pesar também na precificação o dólar fraco no exterior frente divisas principais e emergentes e ligadas a commodities em meio à alta dos juros dos Treasuries longos. Há expectativas pelo anúncio de novos estímulos trilionários para o setor de infraestrutura americano, que tende a pressionar ainda mais a inflação no país. Contudo, as negociações no Congresso brasileiro em torno do corte de emendas no Orçamento ficam no foco local, diante da possibilidade de o projeto vir a ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, sem vetos, conforme fontes, transferindo o desgaste da tesourada para os parlamentares, o que tende a apoiar alguma cautela.
A crise sanitária segue no foco também, após o dia mais letal da pandemia no Brasil, ontem, e a previsão de divulgação, hoje, do calendário de pagamento da nova rodada de auxílio emergencial para beneficiários que não fazem parte do Bolsa Família. A postura do novo comando das Forças Armadas será monitorada ainda, após a tentativa frustrada de um deputado bolsonarista, que propôs dar ao presidente Jair Bolsonaro poder ‘de guerra’.
Os investidores vendidos em contratos cambiais (apostaram na queda do dólar) tentarão forçar a moeda americana para baixo a fim de minimizar perdas, uma vez que acumula altas de 2,79% no mês e de 11,05% neste ano até ontem. A perspectiva de uma alta mais agressiva da Selic na reunião do Copom de maio favorece também uma baixa. Ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu um aperto mais agressivo rápido do juro básico, que poderia tornar o ciclo de alta mais curto, e enfatizou o efeito negativo do descontrole fiscal do governo federal na inflação, dólar e política monetária. O contraponto é o avanço do rendimento dos Treasuries. Até ontem, o dólar acumulava ganhos de 2,79% no mês e de 11,05% em 2021.
Mais cedo, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) recuou 5,6 pontos em março ante fevereiro, para 85,5 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado é o mais baixo desde julho de 2020.
Ontem, o dólar á vista fechou cotado a R$ 5,7619, em baixa de 0,08%. A partir de hoje, o contrato futuro de maio passa a concentrar a liquidez. O dólar com vencimento em abril encerrou ontem em baixa de 0,13%, cotado a R$ 5,7755. Este contrato será liquidado amanhã com base na taxa Ptax de hoje. (AE)