O Rabobank afirmou estar “moderadamente otimista” em relação à perspectiva para o setor de carne de frango no restante do ano de 2021. “Parece que programas de vacinação contra a covid-19 permitirão que restrições sejam gradualmente encerradas até o meio do ano, restaurando o turismo e o food service”, diz relatório trimestral do banco, que lembra que o food service representa cerca de 35% da distribuição global. Os desafios são novas ondas da covid-19, diferenças no ritmo de vacinação entre países, peste suína africana e gripe aviária e altos preços de grãos.
O boletim afirma que é preciso haver controle na oferta. “Preços de ração devem continuar altos e voláteis. E já que a covid-19 manterá a pressão na indústria, a disciplina da oferta será necessária no segundo e terceiro trimestres de 2021.” Países que controlaram a produção no fim de 2020 e início de 2021 agora vivem boa recuperação, como Estados Unidos, onde a produção caiu 3% no primeiro trimestre de 2021; e Rússia, onde o recuo foi de 6%. “Isso ajudou essas indústrias a se recuperarem e repassarem os maiores custos com ração.”
O Rabobank prevê que os preços de grãos continuem altos ao longo de 2021, embora um pouco abaixo dos níveis do primeiro trimestre. “Preços para milho e farelo de soja, porém, vão se manter mais de 50% acima dos níveis do primeiro semestre de 2020”, afirma o banco. “Os produtores devem focar mais em eficiência e formulação da ração neste contexto desafiador.” O preço da ração representa entre 60% e 70% do custo de produção da carne de frango.
Na Ásia, o setor de frango pode ser influenciado pela recomposição dos plantéis de suínos de China e Vietnã, que foram assolados pela peste suína africana. A China deve aumentar sua produção de carne suína entre 8% e 10% este ano e o Vietnã, entre 8% e 12%. “A produção menor do que se esperava de carne suína na China no primeiro trimestre de 2021, e baixos níveis de produção de carne de frango, deram suporte a uma recuperação dos preços do frango no primeiro trimestre, mas acreditamos que a recuperação da carne suína e um aumento na produção de frango (+10%) vão pressionar preços ainda este ano”, diz o Rabobank.
A gripe aviária é outro obstáculo citado no relatório. “Ela já está causando oferta relativamente curta na Coreia do Sul (mais de 25 milhões de aves abatidas), Japão e Rússia, e também pressiona produtores na União Europeia a usar menos aves.” Além disso, as restrições impostas por alguns países interrompem o comércio global de carne e ovos. “No caso da carne, Brasil e EUA vão tomar parte das exportações que a Europa deixará de realizar para mercados na Ásia, América Central e Oriente Médio.”
O comércio internacional de frango está ficando mais competitivo, segundo o Rabobank, com queda de preço de diversos cortes. “A indústria de frango dos EUA foi a grande vencedora no quarto trimestre de 2020, com um aumento de 4% nas exportações. O aumento das vendas para China e México foi particularmente importante”, diz o banco. “Por outro lado, a UE registrou queda de 5% nas exportações no trimestre, principalmente por restrições causadas pela gripe aviária. Brasil e Tailândia mantiveram seus volumes embarcados, ajudados por concessões de preço.”
A expectativa para o Brasil é que “a demanda doméstica deve se recuperar sazonalmente e pode ser ajudada por um novo pacote de auxílio econômico”, de acordo com o relatório. “Para o curto prazo, uma maior velocidade nas vacinações deve ser um ponto crucial para manter a recuperação da demanda doméstica, já que só 4% da população foi vacinada até o momento.” O Rabobank destacou que a queda no consumo doméstico e o aumento nos preços de grãos reduziram as margens de produtores, embora as exportações realizadas com câmbio desvalorizado tenham neutralizado parte dessa queda. (AE)