As notícias de novos surtos de peste suína africana (ASF, na sigla em inglês) na China têm assustado os produtores americanos de grãos. O receio é que as vendas de soja e milho para os chineses diminuam.
Segundo relatório do Rabobank, a população de fêmeas vem diminuindo entre 3% e 5% ao mês desde dezembro. Autoridades chinesas previam que o número de animais retornaria neste ano aos níveis anteriores à doença. Com os novos surtos, porém, isso só deve ocorrer depois de 2023, disse o Rabobank.
A peste suína africana afetou significativamente a oferta da China nos últimos anos. Em 2019, a doença reduziu o número de suínos do país em cerca de 40%, para 260 milhões de animais.
Esse novo surto tem pressionado as cotações do farelo de soja em Chicago. Em 12 de janeiro, os preços futuros do farelo chegaram a atingir US$ 474,10 a tonelada, o maior pré-fechamento desde junho de 2014. Desde então, as cotações caíram 14%.
O ressurgimento da doença ameaça a forte demanda esperada para a soja dos EUA. O Departamento de Agricultura do país (USDA) prevê que as exportações de soja chegarão a 61,2 milhões de toneladas em 2020/21, um terço mais do que no ciclo anterior. Impulsionados pela perspectiva de forte exportação, os preços da soja chegaram neste mês a quase US$ 14,50 por bushel, nível mais alto desde junho de 2014.
Como resultado, a perspectiva é de crescimento na área de plantio da oleaginosa no próximo ciclo, para 36,4 milhões de hectares, a maior área desde 2017.
“Se a ASF prejudica substancialmente a vara de suínos na China, as expectativas de demanda por milho e soja são exageradas ou o cronograma está mais truncado?” perguntou o Steiner Consulting Group em nota em 10 de março.
Enquanto isso, os preços de suínos nos EUA subiram – o contrato futuro mais negociado na bolsa de mercadorias de Chicago subiu 18% desde o início do ano. “Eles precisam de carne suína, muita carne suína, tanto no curto quanto no longo prazo”, disse Dennis Smith, corretor de commodities da Archer Financial Services. (Valor Econômico)