A nacionalização de plataformas de petróleo e as compras do setor agropecuário no exterior turbinaram o desempenho das importações brasileiras em fevereiro, segundo os dados do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O volume importado pelo País cresceu 20,8% em fevereiro de 2021 ante igual mês de 2020. No entanto, sem as plataformas de petróleo, a alta foi de 9,3% no período. Já o volume exportado recuou 4,3% no mês passado ante fevereiro de 2020. A balança comercial de fevereiro alcançou um superávit de US$ 1,2 bilhão, após o déficit de US$ 986 milhões registrado em janeiro. No primeiro bimestre de 2021, houve superávit acumulado de US$ 166 milhões.
As commodities explicam cerca de 65% das exportações brasileiras, lembra a FGV. Entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, os preços subiram 13,8%, mas o volume exportado recuou 6,2%. Os preços das commodities vêm subindo desde o segundo semestre de 2020, encontrando-se no maior patamar desde 2011, logo após o pico de preços do boom de 2010, ressaltou a FGV.
“As dúvidas persistem, mas as políticas expansionistas dos Estados Unidos e da China apontam que a tendência de alta dos preços das commodities deverá persistir durante 2021”, diz a nota do Icomex.
Quanto às exportações brasileiras de não commodities, os preços subiram 2,1% em fevereiro de 2021 ante o mesmo mês do ano passado, mas o volume exportado recuou 1,8%.
As importações brasileiras sinalizam crescimento da agropecuária. O volume importado de bens intermediários para a agropecuária saltou 69,2% em fevereiro de 2021 ante fevereiro de 2020, enquanto esses bens voltados para a indústria aumentaram 15,1%. Já a importação de máquinas e equipamentos para a agropecuária subiu 1,6% no período, ao passo que a indústria importou 25,2% menos esse tipo de bem em fevereiro ante fevereiro do ano anterior, quando excluídas dessa conta as plataformas de petróleo.
Em fevereiro deste ano ante igual mês de 2020, houve recuo no volume exportado pelo Brasil à China (-17,1%), União Europeia (-17,1%), Argentina (-7,0%) e México (-10,9%). As exportações cresceram para os Estados Unidos (4,7%) e demais países da América do Sul (13,0%).
“Observa-se que no caso da China, soja e petróleo, que além do minério de ferro são os principais produtos de exportação do Brasil e do comércio Brasil-China, recuaram em relação ao ano de 2020. No caso da soja, os embarques começaram mais cedo no ano passado. Para os Estados Unidos, as vendas de aeronaves e produtos siderúrgicos explicam o aumento no volume exportado. Para “Demais América do Sul”, as vendas de produtos de equipamentos de transportes para o Chile são o destaque. A retração no volume exportado para a China não deverá permanecer nos próximos meses, fazendo com que a participação do país na pauta brasileira continue ao redor de 30%.”, concluiu a FGV. (Estadão)