A Argentina está investigando empresas de bens de consumo, incluindo Danone, Procter & Gamble e Unilever, além de produtores de alimentos como a Bunge, por causa de acusações de que elas deliberadamente reduziram a produção em meio às medidas do governo para conter o aumento de preços. A informação é da agência Reuters.
O Ministério da Produção do país, em um comunicado, alegou que essas e outras empresas estariam “retendo os volumes de produção” e não teriam seguido uma resolução que determinou aumento da produção ao “nível mais alto de sua capacidade instalada”.
O governo disse que uma investigação constatou escassez em supermercados de produtos que vão de óleo de cozinha a fraldas e queijos, e que as empresas sob investigação devem corrigir a situação e restaurar os níveis de estoque. As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários feitos pela agência Reuters. Daniel Funes de Rioja, chefe da Câmara da Indústria de Alimentos Copal, rejeitou as acusações e disse à imprensa que a indústria seguiu em frente apesar dos altos custos e do congelamento de preços.
“As empresas abasteceram o mercado durante toda a pandemia, apesar dos trabalhadores doentes, problemas logísticos, greves dos petroleiros, bloqueio de caminhoneiros de 15 dias, feriados, férias de pessoal e paralisação de fábricas para manutenção”, disse.
Mas o ministro da Produção, Matías Kulfas, disse que o governo detectou “alguns produtos faltando nos supermercados” e atribuiu a situação a um problema de abastecimento pelos grandes produtores industriais.
O governo argentino tem tentado proteger os consumidores de aumentos dos preços e buscado controlar uma inflação galopante, prevista em uma pesquisa do banco central em 50% neste ano.
A gestão de Alberto Fernandez entrou em confronto com algumas empresas e investidores sobre o teto de preços de alguns produtos e o congelamento de tarifas de serviços públicos. Na quarta-feira, os detentores da dívida soberana da Argentina criticaram tais políticas como medidas de curto prazo e disseram que estão condenadas ao fracasso, também segundo a Reuters.
O ministério da produção disse que as leis de teto de preço visam proteger os consumidores de “possíveis abusos de preços e garantir o abastecimento normal de produtos nos supermercados”.
Temores recentes sobre o ressurgimento da inflação geraram tensão entre o governo argentino e o grande setor agrícola do país, com a tensão aliviada após promessas de exportadores e produtores de ajudar a manter os preços domésticos baixos. (Valor Econômico)