Autoridades chinesas teriam detectado traços do coronavírus em um lote de carne suína exportada pela BRF, de acordo com agências. A informação, segundo a Agência Lusa, veio da província de Zhejiang, no leste da China. Ainda não se sabe o abatedouro de origem da carne.
O lote de 16,3 toneladas de carne suína desembarcou em Xangai em 14 de janeiro. Desde que começaram a testar as cargas importadas de alimentos, os chineses detectaram a presença do vírus em lotes vindos de diversos frigoríficos do Brasil – na maior parte das vezes, na embalagem.
Procurada pelo Valor, a BRF informou que não foi notificada oficialmente pelas autoridades chinesas sobre “quaisquer possíveis problemas com seus produtos exportados” ao país. “A empresa ressalta a segurança e a alta qualidade de seus alimentos fornecidos no mundo inteiro, em conformidade com os regulamentos e os rígidos padrões internacionais de segurança e higiene”, destacou a companhia.
Em nota à imprensa, a BRF também reforçou que não há evidências científicas de que a covid-19 possa ser transmitida por alimentos ou embalagens. “A companhia está segura em demonstrar a efetividade das medidas protetivas implantadas até o momento em suas unidades”, frisou.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os exportadores de carnes suína e de frango, também informou ontem que não havia sido notificada sobre a detecção de covid-19 em um lote de carne suína exportada pela BRF à China. Em nota, a ABPA acrescentou que está em contato com o Ministério da Agricultura para “eventuais esclarecimentos que se façam necessários”.
“Vale ressaltar que a BRF, citada por alguns veículos de imprensa como produtora da carga, segue os mais rígidos protocolos público e privado (validado pelo Hospital Israelita Albert Einstein) para a inocuidade e segurança dos produtos, e para a preservação da saúde dos seus colaboradores”, ressaltou a ABPA, em comunicado à imprensa.
Na B3, as informações sobre o caso tiraram sustentação das ações da BRF nesta segunda-feira – os riscos de suspensão temporária do abatedouro de origem da carga estão sempre no radar. No ano passado, a própria BRF e empresas como JBS, Marfrig e Aurora tiveram as exportações de algumas unidades suspensas por causa da covid-19.
Nesse cenário, a BRF destoou do comportamento da bolsa. Em um dia de alta de mais de 2% do Ibovespa – o índice foi embalado pelas expectativas positivas dos investidores com a eleição no Congresso e pelo alívio vindo de Wall Street -, os papéis da dona da Sadia recuaram 0,8%, a R$ 21,05. Concorrentes como a JBS, por sua vez, tiveram leve alta. (Valor Econômico)