No terceiro trimestre deste ano, a economia brasileira registrou a terceira alta seguida. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1% em relação aos três meses anteriores, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (1º). Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 1,6 trilhão.
O IBGE revisou o PIB do primeiro e segundo trimestres. Em vez do crescimento de 0,2% no período de abril a junho, o avanço foi de 0,7%. Já no primeiro, o crescimento foi de 1,3%, ao contrário do 1% anteriormente divulgado.
Dois dos três setores que compõem o cálculo do PIB registraram avanço. A indústria cresceu 0,8%, influenciada pelas indústrias de transformação (1,4%) e extrativa, (0,2%), e os serviços avançaram 0,6%, diante do resultado positivo do comércio (1,6%).
Na contramão, a agropecuária recuou 3%, após uma queda de 2,3% no trimestre anterior e de uma forte alta de 12,9% de janeiro a março.
“A agropecuária foi a grande responsável pelo PIB não ter crescido mais. Caiu porque a gente não tem mais safra da soja e entrou a safra da cana, que está com estimativa de queda. Pelo serviço e pela indústria, a gente teria crescido bem mais”, disse Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Também é considerado no cálculo do PIB o consumo das famílias, que durante muitos anos sustentou o crescimento da economia. No terceiro trimestre, a alta foi de 1,2%, a mesma registrada no trimestre anterior. As despesas do governo seguem em queda pelo quinto trimestre consecutivo, segundo o IBGE.
Comparação com 2016
Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB registrou alta de 1,4%, a maior desde o primeiro trimestre de 2014. Nessa base de comparação, ao contrário do que foi observado na análise trimestral, a agropecuária cresceu 9,1%. O IBGE atribui esse resultado ao desempenho da safra no período, como o do milho (54,9%) e do algodão herbáceo (10,7%).
A indústria avançou 0,4%, puxada pelo aumento da produção de alimentos, veículos, móveis, máquinas e equipamentos, entre outros. Serviços, por sua vez, teve alta de 1%, sob influência do comércio (atacadista e varejista).
Acumulado no ano
No ano, o PIB acumula crescimento de 0,6%, puxado pela agropecuária, que cresceu 14,5%. Já a indústria tem queda de 0,9%, puxada pelo recuo visto na construção (-6,1%). O setor de serviços também tem, até setembro, resultado negativo (-0,2%), influenciado pelos recuos nos ramos de informação e comunicação (-2%) e atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-1,8%).
Apesar de ter subido pela primeira vez em 16 trimestres no período de julho a setembro, a Formação Bruta de Capital Fixo, que é um indicador de investimento da economia, acumula queda de 3,6% no ano.
A despesa de consumo das famílias avança 0,4% e os gastos do governo recuam 0,6%. As importações de bens e serviços sobem 3,9%, e as exportações, 4%.
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2016, o PIB teve uma retração de 3,6%, e o Brasil passou pela pior recessão da história.
Previsões
O resultado não ficou próximo do que os economistas e indicadores previam para esse terceiro trimestre. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma espécie de prévia do PIB, apontava que, entre julho e setembro, a economia havia crescido 0,58%.
Para o ano de 2017, as previsões dos economistas do mercado financeiro indicam que o PIB ficará em 0,73%, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central.