Com incertezas sobre clima nas lavouras de milho no Brasil, a comercialização ficou bastante lenta na semana, informou hoje o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em relatório antecipado ao Broadcast Agro. Mesmo com o retorno das chuvas, produtores ainda temem quebra de produtividade e com isso preferem segurar novas vendas.

O Cepea lembra que, em novembro, na maior parte das regiões brasileiras, especialmente no Centro-Sul, as chuvas estiveram abaixo da média histórica. Especificamente no Rio Grande do Sul e no Paraná, as precipitações voltaram a ocorrer apenas no fim do mês.

Tais incertezas climáticas acabaram retirando o vendedor do mercado. Além disso, há pouco milho disponível em estoque. Segundo o Cepea, “a liquidez está baixa, com agentes negociando apenas pequenas quantidades”. “No geral, compradores postergam as aquisições para o próximo ano, enquanto vendedores seguem atentos ao desenvolvimento das lavouras.” Segundo o Cepea, entre 3 e 10 de dezembro, os preços recuaram 4,7% no mercado de balcão (ao produtor) e 3,8% no de lotes (negociação entre empresas) na média das regiões pesquisadas pelo centro de estudos. “No mesmo comparativo, o indicador Esalq/BM&FBovespa (região de Campinas – SP) caiu 2,7%, fechando a R$ 73,46/saca de 60 kg na quinta-feira”, cita.

Já nos portos brasileiros, dados do Ministério da Economia apontam que os embarques de milho nos primeiros dias de dezembro (4 dias úteis) totalizaram 1,44 milhão de toneladas, o que representa 27% do volume exportado em todo o mês de dezembro de 2019. Caso esse ritmo, de 286 mil toneladas/dia, se mantenha, o volume total poderá ser de 5,72 milhões de toneladas, 37% acima do mesmo período de 2019.

Apesar desse escoamento, o Cepea observa que as cotações do grão posto nos portos brasileiros seguem enfraquecidas. “Com a baixa liquidez no porto desde meados de novembro, em parte devido à queda do dólar, o produtor dá prioridade à negociação no interior, que evita custos de transporte até o porto”, diz. No acumulado de dezembro, a moeda norte-americana se desvalorizou 5,9%, e os valores em Paranaguá (PR) caíram 5,3%, e em Santos (SP), 0,2% de 30 de novembro a 10 de dezembro.

Na B3, após recuarem com intensidade nas últimas semanas, os preços voltaram a ficar mais firmes, influenciados por preocupações quanto à demanda e à oferta no início de 2021. De 3 a 10 de dezembro, o primeiro vencimento (Jan/21) subiu 0,2%, passando para R$ 73,05/sc de 60 kg. O contrato Maio/21 reagiu 0,4%, a R$ 73,86/sc de 60 kg, na quinta-feira. (AE)