O navio Discoverer, que trouxe 30,5 mil toneladas de soja dos Estados Unidos ao Brasil, atracou no berço 214 de Paranaguá para iniciar o processo de descarregamento, em uma operação inédita para o porto que costuma trabalhar com a oleaginosa na exportação, informou a administração portuária nesta quinta-feira.
A primeira importação de soja por um terminal de Paranaguá (PR) ocorre em um momento em que o Brasil, maior produtor e exportador global, realiza compras no mercado externo para lidar com uma escassez gerada por fortes vendas externas em meses anteriores. A situação deve perdurar até janeiro, com a chegada da nova safra.
A soja será levada para processamento no interior do país, segundo informações da administração do porto, que não tinha mais detalhes sobre o destino.
O Brasil importou de janeiro a outubro 625,5 mil toneladas de soja, ante apenas 125 mil no mesmo período do ano passado, segundo dados do governo, que apontam também países do Mercosul como os principais fornecedores neste ano –o Paraguai forneceu 589 mil toneladas, seguido pelo Uruguai (36,3 mil toneladas).
“O Brasil é um gigante na produção de soja, mas o preço do produto no mercado internacional, aliado às vantagens cambiais, fez com que… a produção fosse vendida ao exterior. Com isso, foi necessário importar o grão para atender a demanda interna”, comentou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa.
“Os portos paranaenses são referência na exportação do produto e a importação, por aqui, é inédita”, acrescentou.
O produto importado passou por inspeções e liberações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura e Receita Federal, ressaltou o comunicado.
Havia preocupações regulatórias para a importação da soja dos EUA, mas uma medida do Ministério da Agricultura reconheceu a equivalência dos organismos geneticamente modificados aprovados pelos dois países, garantindo o desembarque.
O navio Discoverer, de bandeira das Ilhas Marshall, tem 179,9 metros de comprimento por 28,4 metros de largura (boca), com cinco porões.
A previsão de duração da operação é de cinco dias, com produtividade de 6.000 toneladas por dia, dependendo das condições meteorológicas, já que com chuva o produto não é descarregado.
A descarga será com auxílio de guindaste, como acontece com cereais e demais granéis sólidos de importação.
“Com um equipamento chamado ‘grab’, a soja é retirada do porão e despejada em um funil, de onde cai na caçamba dos caminhões. É uma operação simples, que segue o padrão de outros cereais que a gente já descarrega em Paranaguá”, explicou o gerente do operador portuário responsável Centro Sul Serviços Marítimos, João Paulo Barbieri. (Reuters)