Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto
Lygia Pimentel é médica veterinária e consultora da Agrifatto
Nota-se grande variação para o comportamento dos preços mensais entre outubro e janeiro para a arroba e também para as cotações da carne com osso no atacado, segundo a média dos preços mensais dos últimos 10 anos.
As movimentações dos valores não seguem um padrão estático, sofrendo variação direta pela conjuntura que se estabelece a cada ano.
Por exemplo, os preços pecuários, que sazonalmente registram cotações mais firmes entre outubro e início de novembro, recuaram em seis ocasiões desde 2007. Por outro lado, a movimentação foi positiva entre outubro e novembro em outras quatro ocasiões (aconteceu em 2007, 2011, 2013 e 2014).
Quando os preços da carne com osso são analisados, se observa que o consumo costuma ser mais forte no final do ano, dado o período de festas e recebimento do 13ª salário, quando torna a variação das cotações da carcaça casada bovina positiva em novembro e dezembro (gráfico 1).
Mas em janeiro o preço no atacado exibe uma correção técnica, buscando novo equilíbrio de preços em patamares mais baixos, quando existe queda do consumo nesse mês já que o orçamento familiar se estreita, isso porque há impostos como IPVA e IPTU, despesas escolares e ainda outros gastos de final de ano a serem pagos nos meses seguintes.
A movimentação dos preços da arroba registra menor padrão para a variação mensal, sofrendo maior influência da conjuntura a cada ano, bem como do fator climático e de investimentos em tecnologia (intensificação da engorda via confinamento e semi-confinamento), e com preços médios mais estáveis.
Entre novembro e janeiro, as variações médias desde 2007 ilustram certa estabilidade, com variações negativas de apenas -0,1 p.p. (gráfico 2).
Portanto, as cotações futuras atuais podem ser consideradas uma oportunidade interessante de comercialização, já que poucas vezes se observa uma valorização relevante da arroba entre novembro e janeiro, como indicam os preços futuros na B3 (antiga BM&FBovespa).
A pressão positiva neste momento se dá pela oferta de animais terminados relativamente baixa, pelo menos enquanto as pastagens não se recuperam de forma geral nas regiões produtoras, e pela aparente exaustão da oferta de animais de confinamento. Além disso, adiciona-se à análise os bons volumes de carne exportada, que ofereceram importante sustentação às cotações a partir de agosto.
Deste modo, se a fraca demanda interna impedia altas expressivas para a arroba, a atual expectativa de aumento do consumo para dezembro traz pressão positiva ao mercado, com o contrato de dezembro hoje sendo cotado em R$ 146,20/@ e o de janeiro acima, em R$ 146,70/@.
Como o consumo geralmente cai em janeiro, e a oferta de animais passa a aumentar a partir do início do próximo ano, torna-se interessante aproveitar a possível alta das cotações sugeridas para dezembro através de negócios a termo, ou utilizar a Bolsa para travar preços futuros e assim manter as médias dos preços de venda em movimento crescente. Outra possibilidade é a compra de seguros de preços (PUTs).
Mais além, também manter janeiro como oportunidade de negócios no radar, enquanto se verifica a demanda de carne no atacado e como os preços futuros e físicos devem encontrar equilíbrio no curto prazo.