O plantio de soja em Mato Grosso triplicou em uma semana, atingindo 25% da área esperada para a safra 2020/21, mas ainda até bem atrás do índice de 64,5% verificado na mesma época da temporada anterior, uma vez que neste ano as chuvas foram escassas para iniciar os trabalhos, apontou nesta sexta-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Até a sexta-feira da semana passada, agricultores tinham semeado soja em apenas 8,2% da área no maior Estado produtor do grão no Brasil.
Comparando os números com a média histórica, também há um atraso significativo: o indicador aponta para cerca de 50% neste período.
“Esta semana já veio um pouco mais de volume de chuvas, e o produtor também está acompanhando as previsões para a semana que vem, que deve aí sim consolidar chuvas mais abrangentes em todo o Estado”, afirmou o superintendente do Imea, Daniel Latorraca, à Reuters.
Até o meio da próxima semana, as precipitações devem se avolumar nas principais regiões produtoras do Brasil, ocorrendo mesmo em áreas do Sul do país, segundo dados Refinitiv, o que pode permitir o avanço dos trabalhos.
Nos últimos sete dias, as chuvas atingiram principalmente áreas do Centro-Oeste do Brasil, com muitas áreas ainda recebendo menos chuva do que a média para o período, conforme dados da Refinitiv.
No Sul do país, as precipitações seguiram escassas.
“Então já estão começando a operação, alguns produtores (de Mato Grosso) mesmo que não tenham umidade suficiente, e outros que já tiveram chuva para fazer o plantio”, acrescentou o superintendente do Imea, lembrando que agricultores estão correndo para realizar o plantio da soja em tempo que permita semear a segunda safra em janela climática adequada.
Segundo ele, agora ficou “muito apertado em relação à janela do milho”, e o produtor “começa a ficar sem opção”, por isso vai semear. Latorraca comentou ainda que o atraso da soja “comprometeu” para o algodão, especialmente no sudeste de Mato Grosso.
No entanto, evitou fazer qualquer comentário sobre o impacto na segunda safra.
Quanto mais tarde ocorre o plantio da chamada “safrinha”, maior o risco de a lavoura receber menos chuvas para o desenvolvimento.
De forma geral, especialistas não estão vendo problemas para a produtividade da soja no Brasil, maior produtor e exportador global, em função do atraso.
A preocupação por ora é maior com a entrada tardia da safra da oleaginosa, assim como com o plantio da segunda safra, de milho ou de algodão. (Reuters)