Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

 

O poder de compra do pecuarista melhorou em 2017, já que os desafios climáticos que resultaram em quebra de safra no ciclo 2015/16, pressionaram os preços do milho para patamares elevados. Já neste ano, a alta oferta do cereal corrigiu os preços para baixo, reduzindo os custos com alimentação animal.

A relação só não alcançou patamares ainda mais altos pelas condições micro e macroeconômicas, que influenciaram negativamente os valores ofertados pela arroba do boi gordo ao longo do ano.

O gráfico 1 ilustra a variação dos preços para a arroba do boi gordo (R$/@, eixo da esquerda) e preços para o milho (R$/saca de 60 kg, eixo da direita) durante 2017.

O gráfico exemplifica como as altas cotações do milho no começo do ano pressionaram negativamente a relação de troca, mas indica também que o poder de compra subiu progressivamente no segundo semestre, sustentado pela alta da arroba bovina.

Porém, a recente valorização do cereal e a pressão negativa nas últimas semanas para a arroba do boi gordo, reduziram a relação de troca esse mês para 4,42 sacas de milho por arroba de boi gordo negociada.  

São os mesmos patamares observados no final de março/17, quando no dia 23 daquele mês a relação era de 4,41 sacas de milho por arroba de boi gordo, a mesma proporção também em novembro de 2015 (destacado pelo tom azul mais escuro no gráfico 2).

Em 2017, a melhor relação de compra foi alcançada entre os meses de agosto e setembro, momento de entressafra e valorização da arroba do boi terminado, associado ainda ao preço da saca do milho depreciado pelo período de colheita da safrinha.

Dessa forma, os dados do Cepea indicam que o poder de compra em agosto, a maior do ano, estava com média de 5 sacas de milho por arroba de boi gordo, e ainda máximas 5,32 sacas por arroba na segunda metade do mês.

A movimentação da relação de troca em cada mês de 2017 é demonstrada pelo gráfico 3, onde se observa a recente movimentação negativa do poder de compra do pecuarista.

Já a maior diferença positiva no ano aconteceu entre fevereiro e abril, com aumento de 21% para o poder de compra, passando no início do ano de 4 sacas de milho para 4,85 sacas por arroba de boi gordo negociado em abril/17.

Enquanto isso, a variação negativa em maior proporção aconteceu justamente entre setembro e o mês presente, uma queda de 7,6% registrada para o poder de compra, passando de 5 sacas de milho em setembro para as atuais 4,5 sacas por arroba.

Portanto, com a tendência de alta para o preço do milho no médio prazo e pressão negativa para a cotação do boi gordo para o mesmo período, consequência do início do período de chuvas que recuperam o potencial das pastagens e oferta de bovinos terminados em confinamento, a relação de troca deve piorar até o final do ano e início do ano que vem.

Porém, espera-se melhor relação a partir de abril e maio/18, época que sazonalmente existe queda para as cotações do milho pela colheita da safra, o que pode ainda motivar um maior volume de animais no primeiro giro de confinamento do próximo ano.