O Programa Juntos pela Amazônia, no qual está inserida a Plataforma Verde JBS de monitoramento de gado, é um conjunto de iniciativas que visam “aumentar a conservação e o desenvolvimento do bioma, engajando o setor e propondo ações para além da cadeia de valor”, cita a companhia, em comunicado divulgado há pouco.
Ainda conforme a JBS, o programa integra a prioridade “Mudanças Climáticas”, do plano de metas globais de sustentabilidade, apresentado pela empresa em 2019. O CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, informa ao Broadcast Agro que os pilares fundamentais programa são desenvolvimento da cadeia de valor, conservação e recuperação de florestas, apoio às comunidades e desenvolvimento científico e tecnológico. A Plataforma Verde JBS, no caso, está ligada ao desenvolvimento da cadeia de valor e à conservação e recuperação de florestas.
“Estamos reafirmando publicamente o nosso compromisso com a sustentabilidade da Amazônia”, diz Tomazoni, no comunicado da JBS. “Esperamos promover um avanço em escala não apenas em direção ao combate ao desmatamento, mas também à promoção da bioeconomia, agricultura sustentável e desenvolvimento social.”
Além do monitoramento e rastreabilidade dentro da cadeia produtiva de carne bovina para evitar aquisição de gado que tenha passado por áreas com algum passivo ambiental ou social, a JBS pretende também adotar uma política de inclusão dos pecuaristas que queiram trabalhar na legalidade. “Quanto aos produtores que não estiverem em compliance em relação à parte ambiental ou jurídica ou têm baixo desempenho agropecuário, nós vamos dar o apoio para que eles possam se legalizar e fazer parte da Plataforma Verde JBS”, informa Tomazoni. “E, junto com isso, teremos todo um sistema de educação, com ações preventivas para evitar novos desmatamentos”, continua. “Criaremos condições para que, voluntariamente, o nosso potencial fornecedor, direto ou indireto, se regularize; queremos ser um facilitador nesse processo.”
Sob este aspecto, o diretor de Sustentabilidade da JBS, Márcio Nappo, exemplifica: “Se há um produtor que precisa reflorestar, nós teremos equipe de apoio para ajudar a traçar um plano de reflorestamento para a fazenda”. Será fornecida também assessoria jurídica e agropecuária. Além disso, haverá parcerias com os Ministérios Públicos Federais do Pará e de Mato Grosso para que se construam plataformas digitais que auxiliem na regularização social e ambiental da cadeia produtiva.
Outra vertente do Juntos pela Amazônia é a criação de um fundo, o Fundo JBS pela Amazônia, no qual haverá aporte inicial, da própria companhia, de R$ 250 milhões nos primeiros cinco anos. Esse fundo, explica Tomazoni, será voltado à conservação e restauração da floresta amazônica, ao desenvolvimento socioeconômico das sociedades que vivem no bioma e ao desenvolvimento científico e tecnológico. “São setores fora da nossa cadeia de valor, mas que se inter-relacionam com ela”, justifica o CEO Global.
A ideia é angariar R$ 1 bilhão de recursos até 2030, tanto provenientes da JBS quanto de interessados em contribuir, tanto no Brasil quanto no exterior. “A JBS se compromete a igualar as doações feitas por terceiros até que o aporte da empresa atinja R$ 500 milhões”, diz Tomazoni. Assim, aplicará os R$ 250 milhões para iniciar o funding e já tornar viáveis os projetos que serão apresentados e que vão ser selecionados pela companhia.
Segundo comunicado da JBS, o Fundo será presidido por Joanita Maestri Karoleski, ex-CEO da Seara, com o apoio de um Conselho de Administração, um Conselho Fiscal, um Conselho Consultivo e um Comitê Técnico. O Comitê Técnico e o Conselho Consultivo auxiliarão na escolha de projetos que receberão aportes do Fundo, que será auditado pela KPMG. Todo o processo será reportado e os resultados publicados no site. “O Fundo terá gestão totalmente independente da JBS; com isso, esperamos dar uma contribuição relevante para a preservação do bioma Amazônia e ser um catalisador”, continua Tomazoni. “Queremos ter projetos suficientemente interessantes e transformadores para poder atrair investimentos de empresas internacionais e nacionais e que deixem um legado para a região.”
Joanita avalia, no comunicado da empresa, que “conter o desmatamento ilegal é um desafio central para a defesa da Amazônia”. E continua: “Esse problema só será combatido efetivamente por um olhar voltado à qualidade de vida e à geração de renda para a população da região, indígenas, ribeirinhos e quilombolas”, afirma a executiva, completando acreditar numa “Amazônia autossustentável, onde preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico são indissociáveis”. (AE)