Os Estados Unidos reportaram nesta quinta-feira uma atípica venda de 30 mil toneladas de arroz ao Brasil, após o governo brasileiro ter zerado a tarifa para uma cota de 400 mil toneladas, diante de preços recordes do cereal no país sul-americano.
O volume da carga negociada salta aos olhos, uma vez que o Brasil tem comprado anualmente apenas algumas centenas de toneladas de arroz dos EUA nos últimos anos, conforme dados do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA).
O total comercializado aos brasileiros se assemelha ao volume de 35,5 mil toneladas registrado para venda pelos EUA ao Brasil em todo o ano de 2010.
Antes disso, segundo dados do USDA, o Brasil tinha comprado grandes volumes do produto norte-americano apenas em 2003, quando o ano fechou com vendas de cerca de 486 mil toneladas.
Na semana passada, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, havia manifestado expectativa de que os EUA fornecessem arroz ao Brasil, além da Tailândia, com a isenção das tarifas (de 10% a 12%, para o cereal em casca e beneficiado, respectivamente) dentro da cota, que vale até o final do ano.
A cota sem tarifa é vista pelo governo como uma forma de aliviar os preços para os consumidores no Brasil.
A cotação da saca de 50 kg do arroz no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, atingiu um recorde de 105,81 reais na semana passada, e desde então o valor do produto está oscilando próximo a essa faixa.
Normalmente, o Brasil importa arroz de países do Mercosul, que vendem o produto com taxa zero.
Mas um dólar forte frente ao real ao longo de 2020 tornou importações mais caras, assim como estimulou exportações, em um ano em que o consumo do cereal aumentou fortemente, com as famílias elevando compras do produto em meio a medidas de isolamento.
Além disso, o pagamento do auxílio emergencial para a população mais necessitada, em função da pandemia, também ajudou a impulsionar o consumo.
Nesta quinta-feira, a ministra disse que o consumo de arroz no Brasil aumentou 15%, e indicou ainda que a isenção da tarifa de importação deverá colaborar para reduzir custos dos consumidores. (Reuters)