Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

Influência da oferta e demanda aos preços praticados

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE emitiu no dia 04 de outubro o último balanço atualizado de oferta e demanda para o complexo soja. A estimativa para a produção total de soja em grão foi de 108,5 milhões de toneladas, acima da avaliação da CONAB de 107 milhões de toneladas.

A variação negativa em relação ao volume colhido na safra 2016/17 deve pressionar os preços positivamente para o próximo ano, mas se a projeção da ABIOVE for alcançada a alta será contida pelo montante a ser ofertado ao mercado nessa safra.

Além disso, espera-se aumento de 3,6% para o processamento interno e alta de 1,6% dos volumes exportados. Logo, tanto o consumo doméstico quanto a procura internacional se configuram como importante sustentação às cotações e demonstram a continuidade do movimento positivo da demanda.

Uma alta expressiva para as cotações de grãos se dá caso haja importante declínio da produção brasileira, e apesar das especulações climáticas direcionando em certa proporção as cotações em bolsa, nesse momento ainda existe uma janela de plantio confortável para a soja, com a possibilidade de chuvas em volumes adequados a partir da segunda metade de outubro e início de novembro, aumentando as chances de se alcançar as previsões citadas acima.

Por outro lado, caso haja demora no plantio da soja que prejudique a semeadura do milho safrinha na janela ideal, além do atraso na disponibilidade do grão ao mercado e o risco maior do fenômeno La Niña no próximo ano, são pressões positivas aos preços, especialmente para as cotações do cereal.

Influência cambial

Um fator a beneficiar os setores de exportação ocorre pela expectativa de uma alta do dólar para o próximo ano. O último boletim Focus do Banco Central estima que 2018 encerre o período com o câmbio a R$ 3,30.

Dessa forma, o gráfico 1 ilustra a movimentação cambial e também sua previsão ao longo de 2018. Devido a sua alta volatilidade, especialmente com as eleições no próximo ano, muito possivelmente os valores máximos e mínimos terão alterações.

Nota-se um movimento de alta logo para o início do primeiro semestre de 2018, o que deve favorecer positivamente as exportações de soja que ocorrem em maior concentração durante esse período, assim como as exportações de milho na segunda metade do ano.

O câmbio elevado aumenta a competitividade do Brasil no mercado internacional e pressionam positivamente os preços domésticos. O cenário pode favorecer remunerações mais altas aos produtores, especialmente com os custos menores dessa safra, já que a variação negativa do dólar em julho e agosto de 2017 reduziu principalmente as despesas com os insumos.  Além disso, as empresas exportadoras também podem ser beneficiadas com o aumento da diferença entre o preço pago pela commodity e o valor recebido na exportação.

Por outro lado, o produtor deve ficar atento ao momento de compra dos insumos, já que as previsões indicam um risco maior de subida do dólar conforme aproximam-se as eleições. Nota-se máximas a partir de abril, momento em que a maior concentração das negociações de troca para custeio das lavouras acontece.

 

Projeção para os preços em 2018

Para calcular os preços praticados no mercado físico no médio prazo, considerou-se o valor da CBOT para o contrato futuro de soja de maio/18, por ser o mês que concentra o maior volume de exportação (gráfico 2).

 

O contrato de maio/18 na CBOT cotado hoje a US$ 9,95/bushel, aponta variação positiva de aproximadamente R$ 5,00/saca entre a safra passada e a atual. Os preços calculados com base especificamente nas cotações futuras, indicam valores em torno de R$ 75,00/saca no porto de Paranaguá/PR e R$ 61,44/saca em Sorriso/MT.

Porém, é possível que os preços no mercado físico em 2018 alcancem valores ainda maiores, dependendo da pressão positiva pelas exportações no próximo ano.

Portanto, o principal driver para a alta dos preços continua pelo lado da oferta, uma produção muito inferior ao previsto agora poderia causar uma subida das cotações. Mas ainda que as previsões de colheita se confirmem, o fluxo de caixa do produtor e das empresas exportadoras devem ficar mais confortáveis nessa próxima safra.

Os cálculos consideraram o prêmio no porto de US$ 0,50/bushel e a média dos custos com transportes entre Sorriso/MT e o porto de Paranaguá/PR durante maio de 2017 levantados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA (Tabela 1).