Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

Cotações no mercado futuro – CBOT

Após o avanço da colheita norte-americana e a previsão climática para o plantio brasileiro pressionarem negativamente os preços na Bolsa de Mercadorias de Chicago – CBOT, as cotações futuras para a soja e para o milho tiveram nessa quarta-feira movimento de recuperação técnica.

As mínimas testaram os suportes US$ 9,62/bushel, indicando que os preços podem ter saído do canal de alta iniciado a partir de setembro. Portanto, caso os fundamentos de oferta e demanda pressionem ainda mais as cotações, o mercado deve buscar nova sustentação de US$ 9,50/bushel do dia 12 de setembro

O mercado também aguarda a divulgação do novo relatório do USDA na próxima sexta-feira, com informações dos estoques trimestrais. A expectativa está em torno de 9,23 milhões de toneladas.

Vale ressaltar que se os estoques vierem a abaixo do esperado pela forte demanda internacional, esse será um fator de pressão positivo aos preços, por outro lado, com os volumes de colheita quebrando recordes, se as proporções dos estoques vierem acima do aguardado, então as cotações podem ser negativamente pressionadas.

O gráfico 1 ilustra a movimentação dos preços para o contrato de soja em grão com vencimento para novembro de 2017.

Atual cenário da oferta internacional de soja

Com relação a colheita norte-americana, conforme a colheita avança e são divulgadas informações positivas em relação a produtividade das lavouras, se exerce pressão baixista às cotações internacionais e consequente influência na precificação doméstica. Devido à alta capacidade operacional das fazendas norte-americanas, os ritmos das colheitas são crescentes, com registro de 10% das áreas colhidas. A média para o período é de 12%, porém a safra esse ano contou com atrasos já no plantio.

As especulações climáticas em torno do início da safra brasileira também têm impacto negativo aos preços. Após altas das cotações na última semana com informações de tempo seco, a tendência se inverte agora com previsões climáticas mais otimistas para as principais regiões produtoras (Figura 1).

Dessa forma, existindo fatores que permitam alcançar o potencial produtivo em quantidade próxima as estimativas, de 107 milhões de toneladas, os preços podem recuar conforme a garantia de oferta.

Mercado físico

Os preços no porto de Paranaguá que começaram a semana em R$ 71,50/saca de 60kg, acompanharam a queda dos preços no mercado internacional valendo na quarta-feira R$ 70/saca. Com movimentação negativa também do valor dos prêmios praticados nos portos, já que o aumento da oferta mundial pela colheita norte-americana pressiona negativamente o balizador, que teve queda de 3% entre segunda e terça-feira.

Por outro lado, a recente valorização cambial pode se configurar como estímulo as exportações brasileiras com o Brasil mais competitivo internacionalmente, e caso o câmbio se mantenha nos novos patamares de R$ 3,19, então o ritmo de negociações pode sofrer aumento, especialmente para a safra nova que têm sua comercialização ainda lenta.

Por fim, observa-se melhores preços pagos ao produtor nas regiões onde a demanda pelo grão é maior, especialmente durante essa época do ano, quando a maior parte da safra velha já foi negociada e existe a possibilidade de atraso de oferta ao mercado da nova safra de grãos, dependendo da influência climática para o desenvolvimento da cultura. Dessa forma, a presença de tradings ou necessidade de originar a matéria prima para alimentação animal pressionam positivamente os preços oferecidos no mercado interno.

Os gráficos a seguir ilustram a variação percentual dos preços praticados no mercado físico brasileiro entre ontem e hoje. O gráfico 2 refere-se aos preços no atacado e o gráfico 3 aos valores pagos ao produtor.