Lygia Pimentel é médica veterinária e consultora pela Agrifatto

A BM&F, que tomou susto com a prisão dos irmãos Batista e gerou uma forte movimentação em aversão ao risco, chegou a projetar valores abaixo de 137,00/@ para outubro, enquanto o mercado físico recuou até R$ 140,67/@ à vista, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA.

Passada a nova turbulência causada pelo caso JBS, na semana passada o grupo voltou às compras, trazendo de volta aos trilhos os fundamentos básicos da formação de preços pecuários no País.

Além disso, a retomada das negociações trouxe necessidade de preenchimento de escalas por parte daquela indústria especificamente, o que coloca nova pressão altista em vigor e deixa evidente a falta de animais terminados no país.

As programações de abate médias em São Paulo voltaram a encurtar nesta segunda-feira, trazendo de volta negócios realizados em R$ 150,00/@ a prazo. Observe o gráfico 1.

A pergunta é: a turbulência passou e teremos continuidade da alta ou a B3 (antiga BM&FBovespa) está correta em precificar valores mais baixos para o contrato de outubro?

Temos alguns fatores de grande importância para tentar responder essa questão corretamente.

O primeiro reside no pior momento do ano para se tomar a decisão de confinar, que ocorreu precisamente em julho de 2017. Observe o gráfico 2.

Como se percebe no gráfico 2, o pior momento do mercado futuro, que reflete o sentimento dos agentes do mercado, ocorreu no final de junho, tendo se estendido pelo mercado à vista ao longo de julho.

Como o terror foi grande e o clima exigiu maior tempo de engorda nas propriedades de sistema intensivo, houve estímulo à colocação de animais nos confinamentos apenas a partir da metade de julho. Contados 100 dias de cocho a partir da melhora do panorama, isso levaria a oferta de animais confinados a aparecer apenas a partir do início de novembro. Fator esse positivo para as cotações nas próximas semanas.

Outra questão demasiado importante é que outubro representa historicamente o mês de maior representatividade para o volume exportado. Em outras palavras, a sazonalidade das exportações costuma registrar seu pico em outubro, o que pode servir de drive para que a queda refletida pelo mercado futuro não se consolide.

Assim sendo, para quem já passou o ano quebrando a cabeça com a comercialização em um ambiente extremamente atípico e volátil, a indicação é de sinal amarelo para as travas no momento, dado o potencial de ajuste do mercado futuro aos fatores fundamentais de análise.

A não ser que sua estratégia de proteção incorra na utilização de ferramentas que não limitem a alta. Nesse caso, a gestão de riscos de preço é sempre bem-vinda.

Um abraço e até a próxima!