O presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que o segmento do varejo aumentou exponencialmente a participação no volume de vendas da companhia no segundo trimestre de 2020, em função do isolamento social como forma de conter a propagação da pandemia do coronavírus. Em entrevista concedida na última quinta-feira ao Broadcast Agro, o executivo disse que essa tendência deve se manter até o final do ano. Na visão dele, ainda é cedo, entretanto, para projetar uma recuperação significativa do segmento de food service no período.
“A gente não sabe se o food service vai voltar a ser o que era. Quando tivermos uma vacina e o mundo voltar ao normal, aí sim podemos ver quem efetivamente mudou a forma de consumir carne e alimentos processados”, disse. O mercado no segundo semestre, portanto, deve começar a ver um retorno à normalidade, com oferta e demanda se balanceando, mas ainda uma série de incertezas quanto aos hábitos de consumo, disse o executivo. Nesse sentido, ele acrescentou que a JBS vai continuar aproveitando as oportunidades em todos os segmentos. “Uma grande vantagem competitiva é a nossa diversificação. Temos frango, bovino, suíno, processados.. Além disso, como atuamos em larga escala, quando as operações não vão muito bem em uma região, podemos contar com resultado melhor em outras”.
Tomazoni destacou também a velocidade de resposta da companhia diante do contexto de emergência sanitária, com a adaptação do portfólio para atender aos novos hábitos de consumo e adoção de medidas preventivas para garantir a segurança alimentar e dos colaboradores. No momento atual, todas as unidades de processamento da companhia já operam normalmente, com capacidade produtiva total.
Em relação aos resultados da companhia no segundo trimestre, o executivo comentou que no segmento da JBS Brasil o dólar favoreceu as exportações, que representam 51,1% das vendas da unidade. Embora também tenha aumentado o custo de produção com a elevação nos preços dos grãos, a receita arrecadada com os embarques compensou esse custo, afirmou Tomazoni. Em comunicado publicado nesta quinta-feira para apresentação de resultados, a companhia informou que a receita em dólar com as exportações de carne bovina do Brasil para a China tiveram uma alta de 52,9% na comparação com o mesmo trimestre de 2019.
Nesse sentido, o CEO da JBS acredita que o País deve continuar sendo responsável pela maior parte das proteínas importadas pelo país asiático. “No curto prazo, os países asiáticos enfrentam uma lacuna de oferta, em função da peste suína africana. A recuperação do plantel de suínos ainda deve demorar de 3 a 5 anos e a demanda da China vai continuar muito grande”.
Em relação à notícia de que a China identificou traços de coronavírus em um lote de asa de frango congelado importado do Brasil, Tomazoni afirmou que ainda é uma suposição, mas que tem conhecimento de que as autoridades brasileiras estão conversando com as chinesas para entender as circunstâncias da alegação. “Nós, na JBS, temos muita segurança nos protocolos que adotamos nas nossas fábricas. Estamos sempre submetendo todas as informações de qualidade dos nossos produtos aos órgãos responsáveis pela fiscalização”, afirmou. (AE)