Embora a China tenha aumentado as compras de produtos agrícolas norte-americanos nas últimas semanas, a implementação do acordo comercial firmado com os Estados Unidos em janeiro deste ano ainda ocorre de forma muito lenta, avalia o banco Commerzbank. Em comentário diário enviado a clientes, a analista de commodities agrícolas Michaela Kühl afirma que a crise decorrente da pandemia do coronavírus pode ser utilizada como desculpa pelo chineses, mas “os EUA não serão convencidos com tanta facilidade de que é por isso que a China até agora cumpriu apenas uma fração de seus compromissos”.

Desde meados de julho, Pequim adquiriu cerca de 5,2 milhões de toneladas de milho e 2,5 milhões de toneladas de soja dos EUA, dentre outros produtos. Entretanto, a analista ressalta que as compras agrícolas ainda estão bem abaixo do verificado em 2017, por exemplo. “Elas deveriam ser aumentadas para 50% acima desse nível, totalizando mais de US$ 36,5 bilhões em 2020”, afirma. Até julho, as exportações de commodities norte-americanas para a China renderam US$ 7,3 bilhões, dos quais US$ 1,4 bilhão correspondem às vendas de soja.

Em contrapartida, a partir de outubro, a safra de soja dos EUA, que ainda não foi colhida, começa a ser embarcada. Dessa forma, Kühl pontua que os chineses ainda têm tempo para aumentarem as aquisições de produtos agrícolas do país, embora isso exija compras contínuas de altos volumes nos próximos meses. (AE)