A Argentina está se aproximando de um acordo inicial com a China que pode abrir caminho para potenciais investimentos do gigante asiático na produção local de carne suína para exportação, disse à Reuters o subsecretário de Comércio e Promoção de Investimentos argentino.
O acordo pode eventualmente resultar em criações de porcos apoiadas pela China no país sul-americano, em momento em que Pequim tenta diversificar sua oferta de carne suína depois de os rebanhos locais serem dizimados pela peste suína africana.
O subsecretário Pablo Sivori disse que um memorando de entendimento pode ser assinado com a China nas próximas semanas. O chanceler argentino, Felipe Sola, havia afirmado no início deste mês que investimentos chineses podem ajudar a Argentina a ampliar de forma acentuada sua produção de carne suína.
“Nós já concordamos com o conteúdo do memorando”, disse Sivori, acrescentando que o Ministério das Relações Exteriores pediu para o governo chinês assinar o documento de forma virtual.
Ele afirmou que o memorando é resultado de um processo iniciado pelo setor privado e envolveria estruturas de investimento na Argentina, além de cooperação em áreas sanitárias, científicas e tecnológicas relacionadas ao setor.
A Argentina já é uma grande exportadora de carne bovina para a China, mas não tem grande expressão no mercado global de suínos. Segundo dados oficiais, em 2019 o país produziu 630 mil toneladas de carne suína, das quais apenas 34 mil toneladas foram exportadas.
Mas a perspectiva do interesse chinês gerou expectativas no país. O ministro Sola chegou a dizer neste mês que a Argentina poderia produzir 9 milhões de toneladas de carne suína com o apoio do país asiático, nível mais de 14 vezes superior ao atual.
Especialistas dos dois lados, porém, preferiram manter os pés no chão ao comentar a possibilidade de uma rápida disparada na produção argentina de suínos.
Sivori afirmou que medidas sanitárias de produção estabelecidas por autoridades locais teriam de ser seguidas, o que significa que o país poderia dobrar a produção de forma gradual dentro de quatro anos.
Já um executivo de uma empresa chinesa que investiu no setor agropecuário externo acrescentou que a Argentina é um lugar “bastante arriscado” para investir, dada a volatilidade do mercado local e a distância física entre os países.
Os Ministérios da Agricultura e Comércio da China não responderam a pedidos por comentários. (Reuters)