Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto

Analisando-se o indicador do boi gordo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA, nota-se uma tendência primária de queda dos preços desde maio de 2017, atingindo o valor mínimo de R$ 122,80/@ no dia 18 de julho, redução em torno de 25% nos valores pagos. Mas com a escassez de oferta em meio a um período de entressafra, agravado pelo baixo volume de animais do primeiro giro de confinamento, o resultado foi a recuperação de 18,75% dos preços a partir do final de julho, alcançando máxima de R$ 145,84/@ no dia 08 de setembro de 2017.

As elevações nos preços observadas nas últimas semanas, trouxeram consigo otimismo aos pecuaristas, especialmente após um ano de muitas turbulências. Porém, ainda que a baixa oferta de animais terminados a pasto possa perdurar durante setembro, verifica-se que o indicador do CEPEA se encontra agora em um valor de resistência próximo a R$ 145/@.

O gráfico 1 ilustra o canal de baixa destacado pelas linhas em vermelho, assim como a resistência em valores próximos a R$ 145/@. Recuperando os níveis de preços praticados em 20 de fevereiro de 2017, quando valia R$ 145,57/@.

Gráfico 1.
Movimento do indicador Boi Gordo ESALQ/BM&F (R$/@)

Fonte: BM&FBovespa / Broadcast AE / Agrifatto

Muito embora o indicador não tenha alcançado os níveis do mesmo período do ano passado, quando estava em torno de R$ 149,14/@ em 12 de setembro de 2016, os preços praticados atualmente se mostram otimistas quando consideramos os desafios que 2017 trouxe para o setor. Dessa forma, é importante atentar-se a fase atual para a proteção dos preços com base nos custos de produção de cada propriedade.

Ademais, verifica-se a disputa de valores entre os produtores que ainda possuem animais terminados e as indústrias. Essas que enfrentam nesse momento dificuldades em manter suas escalas de abates, e que pela baixa oferta, utilizam-se de ferramentas para reduzir a proporção de subida dos preços. Por exemplo: pular dias de abates, férias coletivas ou ainda o afastamento pontual nas compras.

A relação do indicador e dos preços médios a prazo de São Paulo, ambos elaborados pelo CEPEA entre os dias 03 de julho e 08 de setembro de 2017 (gráfico 2), apontam que partir do dia 01 de setembro as cotações caminharam de forma lateral.

Gráfico 2.
Evolução do indicador e preços médios a prazo para São Paulo – CEPEA (R$/@)

Fonte: CEPEA / Agrifatto

Os movimentos das cotações dependem agora da acomodação dos valores pela disputa de ofertantes e demandantes, especialmente enquanto não houver a entrada de bovinos terminados em confinamento, podendo causar ou não rompimento da resistência observada.

Alguns cenários são possíveis. Primeiro o aumento do consumo de carne no atacado pelo início do mês de setembro, poderia demandar mais matéria prima pelos frigoríficos e pressionar positivamente os valores ofertados. Por outro lado, o baixo consumo da carne bovina com osso reflete nos spreads das indústrias (diferença entre os preços pagos pela arroba do boi gordo e o valor recebido pela carne no atacado), o que poderia conter a subida dos preços ofertados.

O gráfico 3 demonstra a variação dos preços no atacado para carne in natura com osso, frango resfriado e carcaça especial suína a partir do dia 01 de agosto de 2017 a 05 de setembro de 2017, período em que a carne bovina in natura subiu 13,72%.

Gráfico 3.
Variação dos preços das carnes no atacado (R$/kg).

Fonte: CEPEA / Agrifatto

Portanto, a atenção volta-se agora a proteção dos preços com foco na cobertura dos custos de produção, com o objetivo de assegurar médias positivas enquanto o mercado se mantém firme nos patamares atuais.