As empresas do setor de carnes do Brasil devem aumentar produção e exportações neste ano, uma vez que as vendas para a China continuam superando as expectativas e a pandemia de coronavírus não fui suficiente para deter os processadores locais de alimentos, disse nesta quarta-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
As companhias do país, que mantiveram a produção em ritmo virtualmente normal mesmo com o fechamento de algumas fábricas em função de surtos da Covid-19, projetam uma alta de até 33% nas exportações de carne suína neste ano, para 1 milhão de toneladas, e um avanço de 3% a 5% nos embarques de carne de frango, para 4,45 milhões de toneladas, afirmou a ABPA em entrevista online a jornalistas.
Apesar de as empresas integrantes da ABPA garantirem aos compradores chineses que os produtos locais são livres de coronavírus, as cargas de carne destinadas ao país asiático não estão sendo testadas antes do envio.
“Temos certeza que a carne não transmite Covid”, disse Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
A associação reafirmou uma estimativa de junho de vender cerca de 1 milhão de toneladas de carnes de porco e frango para a China em 2020, acima das 834 mil toneladas do ano passado.
Para dar suporte ao nível projetado, a produção de carne suína do Brasil pode aumentar em até 6,5% em 2020, atingindo um potencial de 4,25 milhões de toneladas, enquanto a produção de carne de frango tem crescimento estimado em 4%, para 13,8 milhões de toneladas.
No primeiro semestre, a China importou quase 600 mil toneladas das duas proteínas do Brasil, já que os portos do país sul-americano quase não sofreram interrupções durante a crise de saúde da Covid-19, facilitando os fluxos de embarque.
O Brasil tem 64 fábricas aprovadas para vender carne de frango e porco à China, mas recentemente quatro unidades no Rio Grande do Sul foram proibidas de exportar ao país asiático por causa dos surtos de coronavírus entre os trabalhadores.
Segundo a ABPA, o governo brasileiro está trabalhando neste momento para reverter as proibições.
Além disso, a associação também disse que o setor contratou cerca de 20 mil pessoas desde o início da pandemia, ao descrever medidas adotadas para conter a escassez de mão de obra e obstáculos à produção. (Reuters)