O dólar operava em queda na manhã desta quinta-feira, com o real liderando os ganhos entre as principais moedas, num ajuste após a divisa figurar entre os piores desempenhos nos últimos dias, mas as operações seguiam vulneráveis a volatilidade em meio a um clima de cautela no exterior.
Às 9:30, o dólar recuava 0,42%, a 5,3610 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,36%, a 5,3550 reais.
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais tinha ligeira alta de 0,08%.
Na quarta, o real foi destaque negativo em dia de queda global do dólar, com analistas comentando que a divisa brasileira mais uma vez foi alvo do trade “compra de bolsa/compra de dólar”, reflexo da demanda do mercado por proteção a posições no mercado de ações.
O dólar subiu 0,66% na quarta, enquanto o Ibovespa avançou 1,34%, seguindo o bom humor externo.
O dólar oscilou ao longo da quarta entre altas e baixas, o que tem se tornado um padrão nas últimas semanas, num contexto em que o câmbio varia de forma errática e sofre viradas repentinas.
“No final de tudo, carrego baixo, fiscal ruim e político sempre incerto juntos afastam o fluxo dos investidores pelo lado financeiro e tornam o dólar/real o hedge óbvio para qualquer coisa. Por isso esse comportamento tão ruim”, disse Leonardo Monoli, gestor no Opportunity Total.
Dados do Banco Central divulgados na quarta-feira revelaram acentuada piora nas saídas de recursos do Brasil nos últimos dias. O fluxo cambial ficou negativo em quase 2 bilhões de dólares apenas na semana passada, elevando o déficit de julho a 2,376 bilhões de dólares. No ano, a debandada é de quase 15 bilhões de dólares.
As saídas de capital afetam a liquidez do mercado, contribuindo para o intenso vaivém nas cotações percebido nas últimas semanas.
Nesta quinta, o tom de maneira geral é mais cauteloso nos mercados globais, o que mantinha o risco de volatilidade no câmbio. Dados de varejo na China vieram piores que o esperado e ofuscavam o crescimento acima do esperado na atividade econômica no segundo trimestre.
Além disso, a escalada de tensões entre EUA e China voltava a preocupar. A Casa Branca disse na quarta-feira que não descarta novas sanções contra as principais autoridades chinesas como forma de punir Pequim pela forma como lida com Hong Kong. A China disse que responderá às táticas de “bullying” de Washington, mas que seguirá com a Fase 1 do acordo comercial acertado entre os países no ano passado.
No plano doméstico, analistas mantinham as atenções na retomada das discussões sobre a reforma tributária. Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o projeto está pronto e espera apenas o processamento político.
Na terça, o presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na terça-feira que a Casa iria retomar a discussão sobre a reforma tributária. (Reuters)