O Brasil e vários outros países cobraram do Japão, mais uma vez, maior abertura de mercado para a entrada de produtos agropecuários importados durante exame da política comercial do país asiático realizado nesta segunda-feira na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Japão é o sexto maior parceiro comercial do Brasil, e as relações bilaterais em geral são consideradas muito boas. Em 2019, o comércio entre os dois países cresceu quase 10% em relação ao ano anterior, para US$ 9,5 bilhões. Além disso, na relação conta bastante o fato de o Brasil ser o destino da maior diáspora japonesa, com mais de 2 milhões de nikkeis, enquanto a comunidade brasileira no Japão passa de 200 mil pessoas.
A delegação brasileira disse esperar que o Japão promova um novo ciclo de investimentos no Brasil nos próximos anos, com o aprofundamento das reformas econômicas delineadas por Brasília.
Mas, ao mesmo tempo, o Brasil apontou questões específicas na relação comercial, como subsídios e proteções fornecidas por Tóquio em patamares muito mais elevados do que em outros países desenvolvidos, “de uma maneira que é particularmente prejudicial aos interesses de exportadores como o Brasil”.
A delegação brasileira levantou também questões fitossanitárias (SPS, na sigla em inglês), frequentemente mais rigorosas no Japão que os padrões internacionais, que mantêm as portas fechadas em alguns segmentos ou elevam custos para os exportadores.
Além disso, persistem restrições japonesas à entrada de carne bovina
termoprocessada (thermally processed beef), apesar de o produto ter entrado no país livremente antes de 2012.
O Brasil também quer exportar melão para o mercado japonês e apresentou um plano nesse sentido ao parceiro em 2016. Tóquio apresentou diversas demandas técnicas, respondidas em 2017. Mas, até agora, o Brasil não recebeu respostas das autoridades japonesas ao seu plano.
EUA, Índia e vários outros parceiros também reclamaram de barreiras na entrada de produtos agrícolas no Japão. A Índia exemplificou que os japoneses impõem sobre alguns produtos tarifas de importação de até 500% e cotas (volume limitado de importação), medidas que prejudicam o fluxo do comércio. (Valor Econômico/retransmitido BeefPoint)