O Brasil chegou a pensar em se juntar a grandes exportadores de soja para a China e fazer uma carta única ao país asiático garantindo que cargas da oleaginosa enviadas para lá estão livres da covid-19, como pede o comprador. Foi o que disse o responsável pela revisão dos contratos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Marcos Gomes de Amorim, em live promovida pelo escritório Mattos Engelberg Advogados. Mas a entidade e outros representantes do setor no Brasil avaliaram, junto com o Ministério da Agricultura e o de Relações Exteriores, que a China poderia não receber bem essa manifestação única de Brasil, Paraguai, Argentina, Canadá, Estados Unidos e Austrália.
Amorim contou que as cartas enviadas à China por esses países têm acompanhado a linha adotada pela Anec. “O argumento é o mesmo, de que a soja não é vetor de contaminação, lembrando que o vírus não suportaria uma viagem de mais de 40 dias dentro dos porões dos navios.”
Embora o agronegócio brasileiro tenha sofrido pressão para responder de forma forte à China, a Anec preferiu um tom mais ameno. “Temos de ser simpáticos à situação chinesa (em relação aos novos casos de covid-19 em Pequim) e tratá-los com o respeito que eles merecem, como nossos clientes”, defendeu Amorim. Ele informou, ainda, que o governo brasileiro evitou se manifestar oficialmente “porque acredita que a pressão seja sobre carne e não soja”, disse. (AE)