A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que, após a pandemia da covid-19, novos mercados internacionais devem se abrir para produtos agrícolas brasileiros. “Colhemos maior a safra dos últimos tempos, R$ 703,8 bilhões em valor bruto de produção, e para a próxima pode ser maior porque sentimos outros mercados querendo se abrir para produtos brasileiros para exportarmos mais pós-pandemia”, disse ela ao programa Canal Livre, da Band.
Ela citou o setor de frutas, que já teria 59 pedidos de certificação sanitária para exportação. Além disso, disse que quer conseguir mais mercados para a carne brasileira: “Alguns mercados compram nossa carne enlatada ou refrigerada, congelada, mas não compram miúdos, por exemplo; temos aberto mercado para uma série de produtos do próprio boi que tínhamos acesso fechado”. “Em uns 30 dias terei um relatório sobre esses 6 meses de novos produtos”, completou.
Uma das medidas que a ministra vê como necessárias para que as aberturas aconteçam é um maior investimento em sanidade e rastreabilidade. “Isso vai ser requisito fundamental. Vai ficar cada vez mais apertado, mais cobrado por outros países”, afirmou. Na última sexta-feira, 19, o governo brasileiro já divulgou portaria conjunta com medidas destinadas à prevenção, controle e mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 na pecuária de corte e de leite.
A ministra também foi perguntada sobre o fim da vacina contra febre aftosa no País, e respondeu que os planos para a retirada continuam, mas podem ser postergados. “Se sentirmos que existe algum grau de risco, Ministério não correrá risco irresponsavelmente”. Ela disse que avaliações vêm sendo feitas a cada três meses e que Rio Grande do Sul, Rondônia e Paraná estão “muito encaminhados” para a retirada. Este mês, já foi adiada o fim da vacinação em 22 Estados, sem prazo para nova efetivação. Ainda está mantida a agenda para o bloco I, formado por Rondônia, Acre, 13 municípios do sul do Amazonas e mais parte de cinco municípios de Mato Grosso.
Quanto à China, maior compradora dos produtos agrícolas brasileiros e que vem aumentando as importações de carne, Tereza Cristina disse que a relação dos ministérios agrícolas brasileiro e chinês continua “a melhor possível”, apesar de atritos como declarações do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que fez publicação em rede social fazendo alusões a um suposto sotaque dos chineses quando falam português. “Este ano, aumentamos exportações de soja, de proteína animal, estamos com várias plantas (de processamento de carnes) ainda para serem habilitadas”, afirmou a ministra. “Temos hoje confiança que entregamos produtos de qualidade e eles têm confiança que trabalhamos para que essa parceria seja cada vez maior.”
A próxima safra de grãos, de acordo com a ministra Tereza Cristina, deve ter aumento na produtividade e pode alcançar as 300 milhões de toneladas. “Tudo mostra que teremos aumento de produtividade para a próxima safra de verão. Nós acompanhamos a aquisição de fertilizantes, defensivos, a preparação do produtor para a safra. E sabemos que ele está animado.”
Durante a entrevista, a ministra confessou que esperava ajudar mais o setor sucroenergético este ano, que sofreu com a queda de preços de combustíveis e a redução no consumo em decorrência do novo coronavírus. “É um setor que fiquei frustrada, porque esperava que conseguíssemos ajudar mais. Ele teve complexidade maior que os outros porque teve guerra Arábia Saudita/Rússia, demanda reprimida”, afirmou. Ela, no entanto, disse que o Ministério “fez o que pôde”, e destacou investimentos em estocagem e juros especiais. (AE)