Exportadores brasileiros esperam manter o forte ritmo de exportações de carne suína para a China no longo prazo, mesmo que o país asiático retome o alto nível de produção verificado antes da crise da peste suína africana, disseram especialistas do setor em webinar promovido pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) na quinta-feira (18).
A China não deve retomar os níveis de produção de suínos verificados antes da crise da peste suína africana em menos de dois anos, segundo avaliação do especialista em assuntos do Agro na China, José Mário Antunes.
O número de suínos prontos para abate na China caiu de 700 milhões de animais em 2017 para 500 milhões em 2020.
“Houve uma quebra de estoque de animais na China muito grande e, com isto, também a produção acabou sendo afetada diretamente”, disse ele. “Independentemente de a China retomar, o que não deve ser em menos de dois anos, o consumo deve crescer.”
Antunes disse que a carne suína é a proteína animal preferida dos chineses. O consumo per capita atual no país asiático, de 45 quilos por ano, é três vezes maior que no Brasil. “Deve aumentar o consumo e o Brasil vai ter sempre uma posição de destaque (como exportador)”, disse ele.
O especialista também vê possibilidade de que a China eventualmente aceite um sistema de prelisting para habilitação de plantas frigoríficas brasileiras, conduzido pelo Ministério da Agricultura, o que agilizaria o processo.
“Eu acho que é alguma coisa não muito de curto prazo, mas é algo que a gente poderia esperar, sim”, disse Antunes.
O diretor executivo da ABPA, Ricardo Santin, disse que o ciclo de produção da carne suína leva pelo menos um ano e meio desde a criação do animal, passando pelo abate e processamento do produto.
Segundo ele, também é importante considerar se a China irá optar por retomar o seu nível de produção anterior à crise, de 54 milhões de toneladas de carne suína por ano, ou se preferirá importar parte desta produção de outros países.
“A China, depois da covid-19, vai continuar a crescer em um ritmo de 5% a 6% (ao ano)”, disse Santin. “Esperamos que a China continue importando carne suína brasileira mesmo que retome (níveis de produção local).” (CarneTec)