Em meio à pandemia, a China vem prospectando negócios e fechando compras constantes de Carne Angus Certificada do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Angus, nos primeiros quatro meses de 2020, já foram exportadas 193,4 toneladas de carne Angus, 66,5% do volume embarcado em todo o ano de 2019 (290,5 t) e alta de 73,8% em relação ao acumulado até abril. A China abocanhou mais da metade desse total, adquirindo 102 toneladas. A expectativa, informa a gerente Nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Menezes, é manter os embarques no segundo semestre. “Se o mercado chinês mantiver as compras nesse patamar, é possível que fechemos o ano perto do recorde da raça”, projeta, lembrando que, em 2017, a Angus atingiu exportação de 406 toneladas.
O movimento é capitaneado por frigoríficos que têm visto nesse mercado ávido por carne de qualidade boas oportunidades de negócios e valorização de cortes. Um dos parceiros que vem aproveitando o câmbio e o apetite chinês é o Frigorífico Estrela, de Estrela d’Oeste (SP). Depois de dois embarques de 27 toneladas cada realizados neste primeiro semestre, nos próximos 15 dias, prevê o envio de um terceiro contêiner de mesmo volume com Carne Angus Certificada para a China. A carga inclui cortes de acém, costela do dianteiro sem osso, peixinho e contra filé. Segundo o diretor comercial do Estrela, Eduardo da Silva, os chineses são extremamente cautelosos e criteriosos com padrões de qualidade. “O Brasil tem uma carne de alto padrão, com um sabor diferenciado do produto dos Estados Unidos”, comparou. A grande dificuldade, explica o empresário, é manter oferta em qualidade e quantidade durante os 12 meses do ano. Além do Estrela, o Frigorifico Minerva e o Grupo ARG também vêm exportando cortes para a China.
O resultado de vendas, segundo a gerente Nacional do Programa Carne Angus Certificada, demonstra a força que o Brasil vem conquistando, não apenas como exportador de carne commodity, mas também no nicho gourmet. “A carne Angus brasileira já é referência internacional e foi exportada para mercados exigentes como a Alemanha e Emirados Árabes. Recentemente, abrimos mercado nas Bermudas”, informa. Os embarques ainda vêm ocorrendo para o Líbano, Catar e Singapura.
O bom momento da carne premium brasileira é alvo de comemoração para todo o setor, indica o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. Segundo ele, as exportações brasileiras de carne bovina devem superar, em 2020, o recorde de 7,6 bilhões de dólares registrado no ano passado, mesmo diante da crise do coronavírus. “Representam uma boa notícia ao mercado nacional”, frisou. Para o presidente da Associação Brasileira de Angus, Nivaldo Dzyekanski, novos mercados “confirmam a excelência da carne Angus do Brasil, uma produção que desponta por sabor, grau de marmoreio e, acima de tudo, sustentabilidade”. Segundo ele, o selo Angus Sustentabilidade, lançado em 2019, deve ajudar a abrir mercados para os cortes brasileiros, uma vez que atesta processos e a responsabilidade dos criadores dentro das fazendas. “Agora, além de acompanhar o abate no frigorífico, também estamos no campo ao lado do pecuarista orientando e verificando as condições de trabalho, emprego e bem-estar animal. Isso é o que o mercado internacional busca. Isso é o que a Angus do Brasil tem a oferecer.” (BeefPoint/ABA)